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Maioria das fazendas autorizadas a exportar para UE é de Minas

Na lista provisória preparada pelo governo brasileiro com 106 propriedades, 87 são mineiras

Por Jamil Chade
Atualização:

Oitenta e dois por cento das exportações de carne brasileira para a União Européia (UE) sairão de fazendas de Minas Gerais. O Estado obteve de fontes próximas às negociações em Bruxelas a lista provisória das fazendas que estão autorizadas a vender o produto nacional. Veja a lista das fazendas Das 106 propriedades certificadas, 87 são de Minais Gerais. Compõem o restante da lista, 11 fazendas do Rio Grande do Sul, 4 de Mato Grosso, 2 de Goiás e 2 do Espírito Santo . Os europeus, em janeiro, barraram a carne nacional por questões sanitárias e, na quarta-feira, voltaram a liberar o comércio apenas com as fazendas que seguiam os padrões estabelecidos por Bruxelas. As várias listas apresentadas pelo Brasil de fazendas foram motivo de polêmica tanto dentro da Europa como no governo brasileiro. O Itamaraty e o Ministério da Agricultura trocaram farpas sobre a estratégia a ser seguida e diplomatas chegaram a acusar o setor de estar prejudicando a imagem do Brasil e sua credibilidade com os europeus. Originalmente, os europeus haviam pedido uma lista com 300 fazendas. O governo apresentou 2.681 propriedades que não foi aceita pelos europeus. Uma segunda lista de 523 propriedades também foi recusada por Bruxelas. Na sexta-feira da semana passada, o Brasil aceitou apresentar uma lista com 150 fazendas. Mas parte dessas apresentaram problemas nos documentos e nos relatórios. Os europeus, nos bastidores, se queixaram de forma contundente contra a falta de informações sobre as propriedades que o Brasil teria certificado. Muitas nem sequer tinham o nome do dono da propriedade. PONDERAÇÃO MINEIRA Embora tenha considerado positivo o fato de a grande maioria das fazendas autorizadas a exportar carne para a UE serem de Minas, o governador Aécio Neves (PSDB) atacou o que chamou de ''''medida extremamente protencionista'''' do bloco. O governador disse ainda que a restrição também pode desorganizar a fiscalização estadual das propriedades. ''''Vejo como algo positivo a maioria dessas fazendas estarem em Minas, mas algo absolutamente distante do que é necessário. É preciso que nós tomemos alguns cuidados, porque você pode criar alguns feudos, pode criar algumas áreas específicas sem qualquer critério mais aprofundado, vamos chamar de excelência. Você pode realmente permitir um fluxo de animais que desorganize, inclusive, a fiscalização do Estado de outras fazendas que não têm qualquer problema para exportação, mas que não foram selecionadas'''', afirmou. Muitas das 87 fazendas de Minas estão localizadas nos municípios de Santa Vitória, Araguari, União de Minas e Ituiutaba, nas regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Aécio disse que ainda confia na ampliação da lista autorizada. ''''O mais importante nessa hora - e o ministro (da Agricultura) Reinhold (Stephanes) está dedicado a isso - é a ampliação dessas áreas e a desobstrução de todos aqueles que no Estado fizeram o rastreamento.'''' Em Bruxelas, a Comissão Européia voltou a indicar que poderá ampliar a lista. Mas isso dependerá do resultado das visitas dos veterinários europeus que ocorrem neste momento no Brasil. As conclusões serão conhecidas apenas em meados de março. COLABORARAM EDUARDO KATTAH E RAQUEL MASSOTE

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