PUBLICIDADE

Salário ainda sobe acima da inflação, mas reajuste fica menor

Quase 70% das negociações realizadas no primeiro semestre conquistaram aumentos reais, segundo o Dieese; reajuste médio, no entanto, teve o menor porcentual desde 2008

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

Atualizado às 11h50

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - A maior parte das negociações salariais ocorridas no primeiro semestre deste ano conquistou reajustes salariais acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O balanço foi realizado pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A despeito da forte crise econômica que atinge o Brasil, aproximadamente 69% das negociações analisadas pelo SAS-Dieese conquistaram aumentos reais no período de janeiro a junho. Os reajustes se concentraram na faixa até 1% de ganho acima da inflação.

Os dados indicam, no entanto, que houve uma sensível diminuição na proporção dos reajustes com ganho real frente ao observado nas mesmas categorias nos últimos oito anos. O aumento real médio também caiu e apresentou o menor valor desde 2008 (0,51%), quando o SAS-Dieese passou a acompanhar o resultado das negociações coletivas pertencentes a um painel fixo de categorias.

"O valor médio do aumento real (0,51%) reflete o cenário desfavorável", afirma José Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Dieese. De acordo com ele, o resultado se dá em função do aumento da inflação, juntamente com a elevação do desemprego.

"Um número significativo de negociações obteve reajustes iguais à inflação medida pelo INPC-IBGE, correspondendo a quase 17% do painel, que considera 302 unidades de negociação privadas e de empresas estatais", informa o SAS-Dieese.

Esse porcentual supera o observado em 2009, que tinha sido, até então, o maior nessa faixa, com pouco mais de 16%. Em relação aos aumentos abaixo da inflação, o porcentual de aproximadamente 15% é superior aos 11% verificados em 2008. "Quando somados, os acordos que não tiveram aumentos reais correspondem a cerca de 32% do painel", afirmam os técnicos do Dieese.

Publicidade

Piora na indústria. As negociações contemplam três grandes setores: indústria, comércio e serviços. Ficaram de fora do levantamento a agricultura e o setor público por causa das diferentes formas de pagamento dos salários nestes dois segmentos. No entanto, o setor mais prejudicado no primeiro semestre foi o da indústria.

Quando se compara os reajustes do primeiro semestre das 128 unidades de negociação do setor industrial com os conquistados pelas mesmas negociações em anos anteriores, verifica-se que 2015 foi o ano mais desfavorável. "A proporção dos reajustes com ganhos reais ficou no menor patamar dos últimos anos", afirma Silvestre.

De acordo com ele, aqueles setores que não repuseram as perdas inflacionárias correspondem a quase três vezes a proporção registrada nos anos de 2008 e 2013, os piores registrados até então. A queda no aumento médio na indústria em 2015 refletiu a piora da economia. O valor foi o mais baixo do período pesquisado, muito próximo a zero (0,19%), acima do INPC.

Na indústria, os ganhos reais foram verificados em 61% e as perdas, em 20%. O comércio foi o setor que apresentou a maior proporção de reajustes com ganhos reais no primeiro semestre (76%) e a menor de reajustes abaixo do INPC-IBGE (7%). Nos serviços, por sua vez, os ganhos reais foram observados em 74% das negociações, e perdas, em 12%.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.