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Mais acordos com corte salarial

Total de 3,6 mil trabalhadores da MWM e da Sabó terão jornada menor e emprego garantido

Por Paulo Justus
Atualização:

Mais duas indústrias da cadeia automotiva fecharam acordo coletivo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo para a redução da jornada de trabalho com redução de salário, em troca da garantia de emprego. As propostas foram aprovadas ontem e valem a partir do mês que vem. A redução atinge 3,6 mil trabalhadores da fabricante de motores MWM Internacional e da Sabó, que produz dispositivos de vedação e conectores para automóveis. Na MWM, os 2 mil funcionários aprovaram a proposta de redução da jornada em 20% e do salário em 17,5%. A medida vai durar 90 dias. Depois desse período, a empresa garante a estabilidade dos funcionários por mais 45 dias. O acordo aprovado pelos 1,6 mil funcionários da Sabó prevê o encurtamento de um dia na semana trabalho, com redução de 12% do salário, respeitado o piso salarial dos metalúrgicos, de R$ 920. A medida vale por 90 dias e vai garantir estabilidade por mais 90 dias a partir do fim do período de salários reduzidos. "A redução de salário não é o ideal, mas, nesses casos, as empresas já tinham esgotado todas as outras possibilidades para evitar as demissões", disse o presidente do sindicato, Miguel Torres. Segundo ele, tanto a MWM quanto a Sabó já haviam concedido férias coletivas e implantado banco de horas. Torres observou que a maioria das 120 empresas que negociam com o sindicato busca acordos para a redução de jornada e salário. Ele ressalta, no entanto, que, antes de aceitar a proposta de redução dos salários, o sindicato pede para que as empresas justifiquem a necessidade da medida. "Exigimos documentação sobre a saúde financeira das empresas e não negociamos com quem não repassa as informações." Dos cinco acordos fechados em janeiro pelo sindicato, três consistem na redução da jornada e do salário. Na manhã de hoje é a vez dos 600 trabalhadores da fabricante de autopeças Samot avaliarem essa mesma proposta. GREVES Em Diadema, os metalúrgicos da fábrica de componentes de motocicletas Federal Mogul entraram em greve ontem, em protesto contra o corte de 81 funcionários, na sexta-feira. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC exigiu a readmissão dos trabalhadores. "A fábrica tinha espaço para negociar alternativas", disse o presidente do sindicato, Sérgio Nobre. Também em Diadema, os trabalhadores da TRW decidiram ontem manter a greve iniciada na quarta-feira. O sindicato exige a reversão das 172 demissões feitas no fim do ano passado, por telegrama. A fabricante de autopeças começou a negociar com o sindicato no início do ano, após um protesto na porta da fábrica. Em Curitiba, o sindicato dos metalúrgicos protocolou ontem uma denúncia contra a Bosch, que fabrica bombas injetoras para o sistema a diesel, no Ministério Público do Trabalho. O sindicato acusa a empresa da tentar impor a redução de 20% do salário e jornada aos 4 mil funcionários. Em nota, a Bosch informou que se mantém aberta para a negociação com o sindicato e considera a redução da jornada de trabalho com redução de salário "a solução necessária para adequar o grau de ocupação de pessoal à demanda atual". Hoje a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) apresentam propostas de um acordo para evitar as demissões no setor, que envolve a redução temporária da carga tributária.

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