Assim como os demais representantes do governo que participaram do terceiro Seminário sobre Metas de Inflação promovido pelo Banco Central, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, também defendeu que o regime não deve adotar um núcleo (core) como meta a ser perseguida pela autoridade monetária. Segundo o ministro, a existência de bandas para o centro da meta já funciona como um certo ajuste que tem de ser feito. Mas, segundo Malan, o histórico pré-Plano Real do comportamento de preços não recomenda esse tipo de ação (adoção do core). "Sempre fui da opinião de que não precisamos adotar o core. Mas também sempre encorajei os institutos de pesquisa a fazer o cálculo de seus próprios núcleos. Isso deixa o debate mais rico, mas ainda é cedo para a substituição do conceito atual", disse o ministro, destacando que essa mudança talvez possa acontecer quando houver um maior grau de convergência na discussão sobre o núcleo, incluídas aí as negociações futuras entre os países no âmbito do Mercosul. Como de costume nesses últimos meses, Malan não perdeu a oportunidade de criticar, ainda que indiretamente, algumas das propostas econômicas da oposição. "Temos visto uma visão equivocada de que o nosso objetivo para a meta de inflação representa um desejo indefensável de se chegar a uma inflação suíça (em torno de 1% ao ano). Nós nunca dissemos isso, como alguns falam, sem saber o que estão falando", espetou Malan. Também defendeu um maior grau de extensão do compromisso "acreditável" de que o próximo governo terá em termos de coerência e consistência com os pilares fiscal, cambial e monetário. Malan ainda afirmou que as alternativas ao regime de metas (âncora cambial, agregado monetário etc) não são satisfatórias. O ministro disse também que "existe na mente e nos discursos de algumas pessoas" a idéia de que o controle da inflação é uma luta definitivamente ganha, incorporada à história do País". "Este é um grave equívoco. Acredito que nos próximos 5,5 meses, ricos em debates, até as eleições, estejam mais claras as avaliações sobre a inflação e o grau que se perde de compromisso com a responsabilidade fiscal", afirmou. O ministro encerrou sua palestra cobrando autonomia operacional do Banco Central, sublinhando ser do interesse de todos que se tenha "uma transição menos ruidosa, menos custosa".