PUBLICIDADE

Malan diz que 2002 pode ser melhor que 2001

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse na manhã de hoje, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que, apesar da crise argentina e da recessão nos Estados Unidos, o Brasil terá um bom cenário econômico este ano. "Não só eu, sozinho. Não estou isolado nisso. Esta é a avaliação da maioria dos analistas, tanto dentro do governo, quanto externamente. Acho que 2002 tem todas as condições para ser um ano melhor do que foi em 2001. Um crescimento maior da economia, uma taxa de inflação menor, uma situação de balanço de pagamentos e contas externas seguramente melhor, em termos do saldo da balança comercial", disse o ministro. Malan acrescentou que o Brasil não depende apenas do mercado argentino e que em algum momento haverá a recuperação da economia dos Estados Unidos."Portanto, eu vejo com confiança cautelosa de sempre, como é meu estilo, mas com grande confiança, as perspectivas brasileiras, não só para 2002 como também para 2003 e adiante, se nós tivermos - para usar a expressão de Afonso Celso Pastore - o mínimo de sensatez em termos de estruturar o debate e a discussão pública nos nove meses que se avizinham", disse o ministro, referindo-se às eleições presidenciais. Para o ministro, o debate público sobre política econômica é positivo. "Uma oportunidade que o País tem de refletir sobre o seu passado e fundamentalmente sobre o seu futuro". "Eu espero que tenhamos chegado a um grau de maturidade política e de racionalidade econômica que nos impeça de aceitar o canto de sereia daqueles que tem soluções mágicas, piruetas, messianismos políticos e demagogias que não são mais compatíveis com o mundo em que nós vivemos e com o estágio a que chegou o País". Propostas O ministro criticou o documento elaborado pelos economistas Luís Carlos Bresser Pereira e Yoshiaki Nakano para o PSDB contendo propostas para o próximo governo. No documento, os economistas afirmam que a dívida externa está alta demais, que o modelo é insustentável, e propõem um câmbio a R$ 3,00 e a redução dos juros em 40% para acabar com o déficit público. Na entrevista ao Bom Dia Brasil, Malan disse que não leu o documento, mas afirmou que, se fosse possível reduzir o déficit público com as medidas propostas pelos dois economistas, o problema já teria sido resolvido. ?Bastaria um ato voluntarista de redução dramática da taxa de juros e apareceria à primeira vista ao observador desavisado que o problema foi resolvido com a redução dos encargos do serviço da dívida. Infelizmente, não é assim no mundo real". Malan ponderou, no entanto, que a vantagem nessa discussão é que, nos próximos nove meses antes das eleições, será possível separar "o que é fumaça do que é uma discussão séria sobre o País e seu futuro?. Ele não acredita que a insatisfação desses economistas com a atual política econômica seja uma generalização dentro do PSDB. "Há um debate, uma discussão, e como democrata acho que é importante que isso tenha lugar. Não acho que exista uma oposição do PSDB. É um estudo, um trabalho de dois economistas propondo o debate", afirmou. Juros em ?trajetória declinante? O ministro disse ainda que a tendência da trajetória dos juros brasileiros é declinante. "O problema é que, com freqüência, se atribui à expressão ´trajetória declinante´ um anúncio e sinalização do resultado da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o que nem sempre é o caso. A trajetória é declinante, não tenho dúvida a esse respeito. Agora, eu não vou especular sobre o que fará o Banco Central na próxima reunião do Copom, daqui a duas semanas", afirmou o ministro. Reforma tributária Para Malan, a reforma tributária pode continuar este ano, gradativamente. "É preciso deixar de lado a expectativa que têm alguns de que haverá um dia ´D´, um grande momento que alguém vai lá e faz a reforma definitiva e duradora, que resolva de uma vez por todas os problemas fiscais do Brasil", disse o ministro. Ele lembrou que há questões que envolvem alguns Estados, como no caso do ICMS, que estão impedindo a redução do preço da gasolina e derivados. "É uma questão que será discutida na reunião do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) esta semana, e estou confiante de que chegaremos a uma solução razoável em benefício do consumidor", disse o ministro. Argentina Malan não acredita que a Argentina corra o risco de uma hiperinflação. Segundo ele, não existe uma pressão de demanda que possa levar a uma explosão de preços na Argentina, no curto prazo. Com base na experiência brasileira, ele disse que, para o fim da crise será preciso um sentido de direção, "sem se deixar levar por cantos de sereia daqueles que apresentam situações milagrosas ou rupturas totais". Ele informou que já está havendo um entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da Argentina para agilizar os mecanismos de liquidações de débitos de importadores argentinos com empresários brasileiros. Malan disse que tem confiança de que os argentinos acabarão encontrando uma saída para a crise. "É um grande país, é um grande povo, tem recursos não só materiais, mas também recursos humanos de qualidade e condições de encontrar a melhor saída. O futuro da Argentina está na mão dos argentinos assim como o nosso está na mão dos brasileiros, em geral, e não do governo apenas", afirmou o ministro. Segundo ele, a melhor contribuição do Brasil para a Argentina, neste momento, é acompanhar com atenção o desenrolar dos acontecimentos, mantendo contatos e trocando idéias sobre as formas de colaboração. "Nós temos um enorme interesse na resolução ordenada da situação argentina, que é extremamente complexa, mas não tenho dúvida que eles de alguma forma sairão dela, ao longo do tempo, com a volta do crescimento", disse o ministro. Imposto de Renda Malan disse ainda que a equipe econômica não teme a ameaça dos partidos de oposição de entrarem no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do governo de corrigir a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física por medida provisória. Segundo o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), matéria aprovada pelo Congresso Nacional que esteja sendo submetida à sanção ou ao veto do presidente da República não pode ser objeto de medida provisória. Mas o ministro Malan defende que o veto já foi realizado, portanto ?não há mais pendência de sanção ou de veto e nós anunciamos ontem com clareza à opinião pública que o governo respeitará, e não poderia ser de outra forma, a decisão do Congresso de corrigir a tabela do IRPF em 17,5%", afirmou o ministro. Malan ressaltou que a medida provisória teve uma boa receptividade por parte dos presidentes da Câmara e do Senado e dos líderes dos partidos que apóiam o governo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.