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Mantega cogita elevar meta do superávit para combater inflação

Esta medida, segundo ministro, teria como objetivo garantir crescimento sem que haja surto inflacionário

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast), Agência Estado e e Reuters
Atualização:

O governo pode aumentar a meta de superávit primário das contas públicas para combater o avanço da inflação, afirmou nesta segunda-feira, 4, o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Serão tomadas as medidas fiscais e monetárias necessárias para garantir o controle da inflação. Se for necessário, aumentaremos a meta de superávit primário, mas a dose do remédio não deve exceder as necessidades do paciente", disse Mantega durante palestra em evento em São Paulo.   Veja também: BC atuará de 'forma vigorosa' contra inflação, diz Meirelles Mercado aposta em alta do juro e 'leve' queda da inflação BC quer inflação no centro da meta em 2009, diz Meirelles Entenda os principais índices de inflação  Entenda a crise dos alimentos  De olho na inflação, preço por preço   Após a palestra, porém, o ministro afirmou que a possibilidade de o aumento da meta do superávit primário não se faz necessária no momento, porque a inflação dá sinais de desaceleração. "O que eu disse é que se fosse necessário, usaríamos mais a política fiscal, já que é mais eficiente e menos danosa do que o instrumento monetário", afirmou, argumentando que alta dos juros acaba sendo registrada como despesa para a União.   A meta de superávit fiscal para 2008 é de 3,8% com um acréscimo de 0,5 ponto percentual que será destinado para a formação do chamado fundo soberano. Esta medida, segundo Mantega, teria como objetivo garantir que o crescimento continue sem que haja nenhum surto inflacionário. Nos últimos 12 meses até junho, o superávit primário das contas públicas acumulou valor equivalente a 4,27% do PIB.   Choque   O ministro avaliou que o choque das commodities está "amainando'. De acordo com ele, os preços atingiram o seu máximo e, agora, já mostram sinais de desaceleração. "Claro que não posso afirmar que isso será permanente, mas é boa a probabilidade", disse. Ele deu como exemplo mais evidente a trajetória descendente do preço do petróleo.   Além disso, comentou que os alimentos também vêm apresentando queda. "A inflação mundial nos atinge e some-se a isso o aquecimento da economia brasileira, que vem apresentando expansão superior a taxas históricas", comentou. Para ele, estes dois pontos - inflação mundial e aquecimento doméstico - proporcionam um certo risco da difusão da inflação, que já existe por meio da alta das commodities. "Essa é uma preocupação nossa: impedir que haja uma difusão da alta dos preços", afirmou.   Na avaliação do ministro, a demanda doméstica cresceu além dos limites da sustentabilidade da economia brasileira, encerrando 2007 com expansão de 7,1%, acima do PIB do período de 5,4%. "De fato, a demanda doméstica aqueceu um pouco além do desejado", considerou.   Mantega insistiu na tese de que o principal vetor da inflação é o segmento de alimentos e bebidas, lembrando que até 2006 este grupo de produtos contribuiu para a baixa da inflação. "Isso é incontestável. Fica difícil, como alguns querem fazer, desmentir que o principal fator de alta da inflação brasileira são os alimentos." Durante sua palestra, ele lembrou que o IPCA acumulado em 12 meses até junho estava em 6,62%, enquanto a inflação dos alimentos no mesmo período acumulava elevação de 15,79%.   O ministro reforçou, no entanto, que a inflação não traz apenas más notícias. Ele mencionou que a Focus da semana passada apresentava projeção mediana de 6,54% para o IPCA do fim do ano, mas que, para os anos seguintes, essa expectativa já estava mais alinhada com o centro da meta de 4,5%. "Podemos dizer que a inflação está sob controle no Brasil e que o governo não está de braços cruzados", disse.   Ele salientou que desde o início do ano foram tomadas medidas de caráter fiscal e monetário para ajudar a combater a inflação. Na questão fiscal, ele citou o aumento da meta de superávit primário de 3,8% para 4,3%, a redução de impostos sobre importações, desoneração tributária, ano safra 2008/2009 e o estímulo ao investimento por meio do PAC e da política industrial. "Ao contrário do que foi feito no passado, não estamos abortando o crescimento", disse ao acrescentar que em relação ao ano-safra, apesar de esse incentivo ser anual, o deste ano foi mais robusto e com maior ênfase para o crédito.   Na área monetária, Mantega citou a restrição à expansão do crédito ao consumidor por meio do aumento da alíquota do IOF para pessoas físicas, a instituição do compulsório sobre leasing e o aumento da taxa básica de juros. Em abril, o Banco Central iniciou o atual ciclo de aumento monetária e, até agora já houve o aumento de 1,75 ponto porcentual da Selic que, segundo o ministro, servirá para reduzir a demanda agregada. "Repetindo as palavras do presidente Lula, o melhor remédio para combater a inflação é aumentar a produção", disse.   Na avaliação do ministro, a economia brasileira deve crescer este ano entre 4,8 e 5% e desacelerar em 2009 para um patamar de 4%. "Discordo de quem fala de 3 a 3,5% (de crescimento no próximo ano)... O governo não permitirá uma desaceleração da economia para esse patamar", afirmou o ministro. De acordo com o último levantamento feito pelo Banco Central com analistas de mercado, divulgado nesta segunda-feira, as projeções indicam crescimento de 4,80% para a economia em 2008 e de 3,9% para 2009.   (com Reuters)

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