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Mantega defende reforma urgente no FMI

Ministro diz que o Fundo Monetário não dedicou atenção suficiente aos principais centros financeiros

Por Nalu Fernandes
Atualização:

A crise financeira global torna ainda mais urgente uma reforma fundamental no Fundo Monetário Internacional (FMI), disse hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que estabelece as estratégias do Fundo. "O FMI não parece ter dedicado suficiente atenção aos principais centros financeiros", disse o ministro. "Até recentemente, o FMI estava concentrado nos problemas dos países de mercado emergente e em desenvolvimento", afirmou ele.   Veja também: Nossa geração nunca viu crise tão profunda, diz Mantega Bush defende resposta coordenada do G-7 G7: 'todos os meios' contra a crise Bolsa cai 20% em semana de pânico  Como o mundo reage à crise  Confira as medidas já anunciadas pelo BC contra a crise Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise   Mantega ainda apontou que a crise internacional põe em evidência uma "diferença importante" entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos. "Os últimos emitem moedas de reserva ou podem contar com currency swaps (trocas de moedas)." Ele citou a oferta de linhas de swap pelo Federal Reserve (BC dos EUA) para bancos centrais de países desenvolvidos, em montante que chega a US$ 620 bilhões, para destacar que swaps em moedas de reserva são raramente disponibilizados para os países de mercado emergente e em desenvolvimento. "Estes, portanto, têm que acumular reservas internacionais nos bons tempos." Para Mantega, há necessidade de existir uma referência à acumulação de reservas no conjunto de medidas prudenciais do FMI. Mantega espera que o Fundo faça progresso substancial no aperfeiçoamento do monitoramento dos principais mercados financeiros e dos fluxos internacionais de capital.   "A maneira como as economias desenvolvidas estão lidando com a crise financeira tem que ser cuidadosamente analisada de modo a enfrentar um potencial alastramento de seus efeitos e extrair lições para os países de mercado emergente e em desenvolvimento", disse o ministro. Mantega ainda destacou a necessidade de fortalecer "salvaguardas prudenciais relacionadas especificamente aos movimentos internacionais de capital". Ele ponderou que distorções surgem em épocas de ampla liquidez. "A acumulação de posições altamente alavancadas envolvendo descasamento de moedas pode levar a um processo de desalavancagem traumático, como o que se observa atualmente em muitos países."   Práticas para proteger o sistema financeiro - Depois de controlada a turbulência, o ministro Mantega espera que seja colocado em ação no FMI "novo conjunto de práticas para fortalecer e proteger o sistema financeiro, mas sem um viés em favor das práticas dos países avançados". Mantega afirmou que a profundidade e gravidade da crise "tornaram indispensável a intervenção do Estado em larga escala", como no caso dos Estados Unidos, no Reino Unido e em vários outros países desenvolvidos.   "Até mesmo governos profundamente comprometidos com o 'laissez-faire' agora aceitam a inevitabilidade de um amplo envolvimento do setor público, não apenas na resolução da crise, mas também no estabelecimento de um novo modelo, mais rigoroso, de regulação e supervisão das instituições financeiras no período pós-crise", afirmou. O ministro estima que o sistema financeiro que emergirá da crise será provavelmente menor e mais regulado.   Para seus colegas ministros, Mantega acrescentou que o envolvimento do Estado "será necessário para restaurar o funcionamento dos mercados de crédito". "Caberá também ao Estado restaurar a confiança, que foi estilhaçada pela quebra de várias instituições financeiras importantes", disse ele. Poderá ser necessário não somente tomar medidas direcionadas a instituições financeiras, mas também proporcionar algum alívio aos mutuários e proprietários de imóveis residenciais nos Estados Unidos e em outros países atingidos por crises no setor imobiliário, afirmou.

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