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Mantega descarta controle sobre entrada de capital

Ministro discorda de idéia defendida pelo PT, pois ´não adianta fechar as portas´

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na noite desta quinta-feira que a restrição à entrada de capital estrangeiro de curto prazo no País, como defendem setores do PT, é inadequada para o atual sistema financeiro. Mantega argumentou que os movimentos nas operações cambiais não acontecem mais no mercado à vista e sim no mercado futuro, onde, segundo ele, não precisa haver capital efetivo e imediato. "Não adiantará nada fechar as portas, porque não terá o resultado esperado, porque hoje as modalidades de operação são diferentes do passado. Vai se pagar o preço disso e não se ganha nada", afirmou. O coro para que o Banco Central limite a entrada de capital estrangeiro se fortaleceu nos últimos dias depois da nova valorização do real frente ao dólar. O ministro acredita que a melhor solução para evitar operações cambiais especulativas é continuar reduzindo os juros para reduzir a diferença entre as taxas da economia brasileira e mercados no exterior. Mantega também descartou a possibilidade de ampliar a regra que permite que os exportadores deixem 30% dos dólares de suas operações de comércio exterior em contas estrangeiras. Segundo ele, os empresários não estão utilizando o mecanismo porque aplicar em real ainda é mais vantajoso que fazer aplicações em dólar. "Nesse caso também os juros também atrapalham um pouco a eficiência desse instrumento. Mas quando chegar na taxa de juros de equilíbrio, esse mecanismo será usado", disse. Apesar de rejeitar a sugestão de controle do câmbio, o ministro disse ver no manifesto divulgado ontem por petistas criticando a política cambial e monetária do Banco Central uma coincidência de propósitos. Ele disse que o governo tem feito mudanças e citou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como uma grande mudança na política econômica, com reforço nos investimentos e aceleração do crescimento. Mantega também defendeu a política monetária do BC que, segundo ele, está na direção correta. "O PT é autônomo e tem o direito de expressar sua opinião", disse. Segundo o ministro, as propostas do partido serão analisadas. CNI O ministro aproveitou também para rebater as críticas da CNI ao PAC. Para ele, elas destoam da avaliação de outras entidades empresariais "que são só elogios". O ministro fez um desafio ao economista-chefe da CNI, Flávio Castello Branco, responsável pela elaboração do documento avaliativo das medidas do PAC e antecipado pelo Estado na edição de ontem. O documento foi apresentado a empresários ontem,durante a reunião do Fórum Nacional da Indústria. "Quem está dizendo que o País não vai crescer, vai perder esta aposta", disse. O ministro afirmou que as instituições financeiras já estão revendo para cima as metas de crescimento do PIB para este ano. A CNI estima um crescimento de 3,5% em 2007. "Ele (Castelo Branco) está desinformado. A economia já está crescendo mais do que no ano passado", afirmou Mantega. Sobre o pedido da CNI para que haja redução dos gastos públicos, o ministro disse que a CNI terá que esperar a divulgação do contingenciamento do orçamento nos próximos dias. Disse também que o governo está criando condições para aumentar os investimentos, mas que não dá para fazer exageros. "Mas, se eles querem que desonere toda a carga tributária e mantenha o equilíbrio fiscal, é impossível".

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