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Mantega discorda de Dirceu e admite pressões inflacionárias

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro do Planejamento, Guido Mantega, discordou hoje do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e admitiu que o País enfrenta pressões inflacionárias. "Nós detectamos ao longo do ano de 2004 pressões inflacionárias. Tanto que a perspectiva para o IPCA deste ano está acima de 7%", disse. Dirceu disse ontem que não vê inflação suficiente para que os juros básicos aumente. "Muitos consideram que não há pressão inflacionária no País e que não é necessário aumentar os juros. Eu mesmo tinha expectativa de que a Selic chegaria a 13% em dezembro." Atualmente a Selic , a taxa básica de juros da economia, está em 16% ao ano. As declarações de Dirceu e Mantega foram feitas em véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que reavalia mensalmente a taxa Selic. Ontem, ao tratar deste assunto, Dirceu afirmou que "falar sobre isso é criar problema", mas defendeu-se dizendo que não era "um robô que só obedece". Mais cauteloso, Mantega disse que evita falar de juros em véspera de reunião do Copom "para dar liberdade" ao órgão. "Tenho certeza de que o Copom tomará a decisão acertada", comentou. Ao fugir de um bombardeio de pergunta, afirmou que "não especularia" sobre o impacto de uma alta, "porque parece que estamos orientando". Mas fez questão de lembrar que ´´o quadro econômico" deste ano já está definido, lembrando a defasagem do impacto da política monetária. Ao ser indagado se não há alternativa para conter a inflação do que a alta dos juros, Mantega reafirmou a importância da política fiscal que dê sustentabilidade à dívida pública. Decisão é do BC, diz Mantega Apesar da cautela, Mantega rejeitou a posição do ministro-chefe da Casa Civil de que não há espaço para discordar da posição do Ministério da Fazenda sobre a condução da política econômica. Mantega disse que não acreditava nas críticas feitas por Dirceu e acrescentou: "Eu tenho liberdade para debater todos os temas em todos os fóruns e conselhos. Eu me sinto bem contemplado. O debate é bem aberto", afirmou. Contudo, ponderou que a política monetária é uma atribuição exclusiva do Banco Central. "Não temos um modelo econométrico que orienta a definição da taxa de juros. É uma atividade exclusiva do Copom."

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