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Mantega diz não ver sinais de superaquecimento na economia

Mantega também voltou a afirmar que o Brasil vai cumprir a meta de inflação.

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que não vê sinais de superaquecimento na economia brasileira. "A economia está aquecida, eu não estou dizendo que não está aquecida. Está aquecendo, 5% ou 5,5% (projeções de crescimento para este ano) é uma economia aquecida. Ela não está superaquecida", afirmou em Washington, onde participa de uma reunião de ministros do G20. "E se por acaso a economia superaquecer, nós estaremos tomando as medidas necessárias." "Não há ainda sinais concretos. É preciso esperar com paciência os resultados de abril, de maio, de junho, da produção, para ver. Se de fato houver um superaquecimento, como alguns acham, alguns analistas mais entusiasmados, aí tomaremos as medidas necessárias para isso", disse. Alertas A última edição do relatório World Economic Outlook, divulgada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) na quarta-feira, alerta para o risco de superaquecimento no Brasil. Nesta quinta-feira, a agência de classificação de risco Moody's também publicou um relatório que alerta para esse risco, e recomendou um aumento dos juros. Segundo Mantega, as possíveis "medidas necessárias" a serem tomadas em caso de superaquecimento poderiam incluir mudança na taxa de juros, no âmbito do Banco Central, e tarifas de importação ou redução de alguns tributos, no caso do Ministério da Fazenda. No entanto, ao ser questionado sobre um possível aumento da Selic (a taxa básica de juros) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o ministro disse que a decisão cabe ao Banco Central. "Esta é uma conclusão que tem de ser tirada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) e pelo Banco Central, se precisa aumentar juros ou não. Se de fato for detectada uma inflação de demanda, falta de produtos no Brasil", disse. "Eu não identifiquei até agora inflação de demanda", afirmou. Inflação Mantega disse que, apesar da alta nos preços, não vê uma trajetória acentuada de crescimento. "No ano passado a economia estava em baixa, então os preços estavam em baixa. Os preços sobem quando a economia aquece", disse. "A questão é subir moderadamente. Eu não vejo nenhuma trajetória acentuada de crescimento", afirmou o ministro. Segundo o ministro, o Brasil está retirando os estímulos fiscais antes de outros países, porque a economia brasileira reagiu bem à crise mundial. "A maioria dos estímulos fiscais brasileiros já foi tirada", disse, referindo-se à redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os setores de automóveis e de linha branca. Inflação Mantega também voltou a afirmar que o Brasil vai cumprir a meta de inflação. O ministro prevê inflação entre 4,5% e 5% neste ano, índice que, segundo ele, "é bastante razoável para uma economia crescendo a mais de 5%". "Nós temos cumprido as metas de inflação nesses anos todos. E vamos cumprir de novo no ano de 2010 e no ano de 2011", disse o ministro. "Não acho que ultrapassou ainda os limites da capacidade da economia brasileira. A inflação sobe quando falta mercadoria. A única mercadoria que está escassa, e não é bem uma mercadoria, é mão-de-obra em alguns setores específicos, como no caso da construção civil", disse. Segundo o ministro, o governo está "contente" com o crescimento da economia brasileira. "Nós estamos contentes, porque é uma das economias que mais está crescendo neste momento", afirmou. "Acho que nós temos que ficar felizes com isso, e não começar a ficar com uma paranóia que vai subir juros. No fundo, achar que a economia brasileira não tem capacidade de crescer um pouco mais. Tem sim, e de forma equilibrada." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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