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Mantega diz que não haverá redução de IPI

Sobre a onda de violência em São Paulo, o ministro afirmou não acreditar que haja reflexos nos investimentos no País

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recomendou às indústrias que reivindicam redução do IPI que desistam do pleito, pois o governo não poderia abrir mão dessa receita. Em entrevista ao Espaço Aberto, da Globo News, ele admitiu que o governo estuda outros tipos de benefícios para as montadoras e que um novo pacote agrícola com mais R$ 1 bilhão em subsídios deverá ser anunciado no próximo dia 25. Mantega garantiu ainda que não existe nenhuma divergência com o presidente do Banco Central e, agora, até elogia a política de redução gradual de juros, da qual era um dos principais críticos. "É muito difícil que eu dê alguma redução de IPI para esse setor (montadoras de veículos) e para outros setores. Já estou anunciando aqui no ar que desistam de vir pedir", adiantou o ministro. Ele argumentou que, se atender a todos os pedidos de desoneração, o governo não terá como atingir a meta de superávit primário. "Eu já estou anunciando que muito dificilmente nós faremos redução do IPI, porque nós temos que zelar pelo equilíbrio das contas públicas", frisou. Ao ser indagado se a meta seria reduzida para 4,10%, foi enfático. "O superávit primário deverá ficar em 4,25%. Nós estamos mirando nesse alvo e ele deverá ser de 4,25%", garantiu. Guido Mantega admitiu que o governo estuda outros tipos de benefícios para manter a indústria automobilística competitiva. Entre as medidas haveria o financiamento à exportação, capital de giro e outros pelo BNDES. "Isso não custa nada ao BNDES: é TJLP mais 4,5%. Então o banco não tem prejuízo fazendo esse financiamento", alegou. Diante da pergunta se o ministro não estaria dizendo "sim" muito rápido para os pedidos das montadoras, ele respondeu demonstrando irritação: "Mas onde é que você me viu dizendo sim", devolveu à entrevistadora Miriam Leitão. "Eu só disse ´sim´ para vir ao seu programa, que é muito simpático", ironizou. Agricultura O auxílio ao setor agrícola deverá totalizar pelo menos R$ 2 bilhões, sem contar os refinanciamentos de dívida, que o ministro disse "não terem" um custo grande. "Apenas você demora mais tempo para receber o dinheiro de volta", minimizou. O primeiro pacote de R$ 1 bilhão é para a elevação dos preços para fazer estoque do governo e, um segundo, ainda não está concluído, mas já está decidido que destinará R$ 1 bilhão apenas para elevar o preço da soja. E justificou: "A agricultura brasileira passa por uma crise realmente séria, que se deve a várias razões. No Sul do País nós tivemos três anos consecutivos de seca, tivemos também enchentes, depois tivemos flutuação de preços das chamadas commodities", enumerou. "Além disso, o Brasil teve uma sobrevalorização da sua moeda." Caos em São Paulo O ministro falou ainda sobre a onda de violência em São Paulo e disse não acreditar que haja reflexos nos investimentos no País. Ele acha que os investidores dão mais importância aos avanços macroeconômicos do Brasil. Sobre o corte de investimentos federais em segurança, ele preferiu criticar o governo paulista: "A principal responsabilidade é do governo do Estado de São Paulo que, de 2001 a 2005, fez um corte de R$ 780 milhões na área de segurança." "Acho que houve uma desorganização momentânea do governo do Estado de São Paulo, mas que vai chamar a atenção para o que deve ser feito no futuro", alfinetou. "Houve falha de quem coordena a polícia de São Paulo e nós tivemos essa situação."

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