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Mantega: esforço fiscal reduz necessidade de juro alto

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Por Redação
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O controle da inflação no Brasil exige apenas uma "ligeira desaceleração" do crescimento, e o aumento do esforço fiscal pelo governo reduz a necessidade de juros mais altos, defendeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião ministerial nesta segunda-feira. Segundo notas da apresentação de Mantega divulgadas por sua assessoria, o ministro destacou no encontro que a alta da inflação é um fenômeno mundial, provocado por um choque de preços de commodities, e que tem impacto maior sobre as economias importadoras de petróleo e alimentos. "O Brasil demonstra estar bem preparado para choques", afirmou Mantega. "É possível aproveitar o choque de alimentos para aumentar a produção brasileira." O governo anunciou no final de maio uma elevação de 0,50 ponto percentual na meta de superávit primário do ano, que passou a 4,3 por cento do Produto Interno Bruto. No início desta tarde, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, afirmou a jornalistas que Mantega teria justificado durante a reunião a recente elevação do juro básico pelo Banco Central, argumentando que "o aumento teria sido necessário para que nós mantivéssemos a inflação e o quadro econômico sob controle". Segundo Múcio, tanto Mantega quanto o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, enfatizaram aos ministros e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o país está no caminho correto. Em uma segunda entrevista no final da tarde, Múcio minimizou o apoio supostamente dado por Mantega à elevação da Selic. "Eu fui mal interpretado ou me expressei mal", disse Múcio. "O Mantega falou que havia algumas ferramentas de controle da inflação, como a poupança, a questão do gasto público, e falou também da questão dos juros, que também era ferramenta. Não era simpático, ninguém gostava, mas era ferramenta de controle da inflação." O Banco Central elevou o juro em 0,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva na semana passada, para 12,25 por cento ao ano. A expectativa de analistas do mercado é de uma nova elevação da taxa em julho. INVESTIMENTOS Para Mantega, o atual ritmo de crescimento do país na faixa de 4,5 por cento a 5,0 por cento "é compatível com o potencial da economia nos próximos anos". Ele argumentou na apresentação que o investimento no país cresce em ritmo forte --o que garante a expansão da oferta nos próximos anos-- e que a produtividade do trabalho avança a taxas mais elevadas do que os salários reais. A valorização do real, por outro lado, tem contribuído para contrabalançar as pressões de alta dos alimentos em produtos como bens de consumo duráveis, combustíveis e energia elétrica, disse o ministro. Ainda assim, Mantega previu uma aceleração da inflação até o terceiro trimestre do ano, por conta das commodities e da demanda aquecida, seguida de uma desaceleração devido à perda de poder aquisitivo da população de baixa renda. O ritmo dos investimentos também tende a cair, segundo sua apresentação, como reflexo de uma alta do juro futuro de mais de 3 por cento. (Por Isabel Versiani e Mair Pena Neto)

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