Publicidade

Mantega não descarta medidas adicionais sobre câmbio

Ministro diz que nada impede governo de estudar ações 'complementares e adicionais'.

Por Fabrícia Peixoto
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira, em Brasília, que "nada impede" o governo de pensar em "medidas complementares e adicionais", referindo-se ao mercado de câmbio. Na última segunda-feira, a Fazenda anunciou a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos estrangeiros em bolsa e em títulos públicos, com alíquota de 2%. "Acabamos de lançar a medida, temos que observar sua repercussão, acreditamos que será positiva, que nós vamos alcançar os objetivos que estão estabelecidos. Isso não impede que possamos pensar em medidas complementares adicionais", disse o ministro, durante audiência pública na Câmara. Questionado por deputados sobre o fato de outros setores não terem sido consultados sobre a medida, Mantega respondeu que não poderia "dialogar" sobre o assunto de forma antecipada. "Eu não podia dialogar com os setores porque estaria dando uma informação privilegiada ao mercado", disse o ministro. "Ninguém discute medidas cambiais abertamente. Mas agora que a medida já está implementada, estarei aberto ao diálogo." Mantega afirmou ainda que seria "complicado" taxar o capital estrangeiro na saída do Brasil, como sugerem alguns especialistas. "É mais fácil tributar na entrada, porque o governo tem esse dado preciso. Porque ele tem que fazer o câmbio e é nesse momento que ele faz a tributação. Na saída, é mais complicado", disse. Queda Mesmo com a cobrança do IOF sobre o capital estrangeiro e com o comentário do ministro sobre medidas adicionais, o dólar comercial seguiu uma trajetória de queda durante toda a manhã e em parte da tarde desta quarta-feira. Na terça, primeiro dia de negociação sob a nova regra, a moeda americana fechou em alta, valendo R$ 1,74 para compra. Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, a alta de terça foi apenas uma reação "natural" do mercado e que a medida anunciada pelo governo terá impacto somente "no curto prazo". Além disso, investidores teriam aproveitado o dia para "realizar lucros" na bolsa de valores, ou seja, venderam papéis que estavam sobrevalorizados. Na terça, o Ibovespa fechou com queda de 2,88%. Excesso O diretor executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, diz que a cobrança do IOF sobre o capital estrangeiro é uma medida "frágil", pois a atual valorização do real não é apenas reflexo do "excesso" de dólares no país. "Esse excesso, o Banco Central está comprando. Inclusive, o Banco Central está retirando do mercado mais do que o excedente", diz. Segundo ele, o dólar vem caindo também em função das operações dos bancos no país. "As instituições estão com posição vendida (apostam na queda do dólar) e acabam operando de forma que forçam a desvalorização da moeda americana", diz. Ainda na avaliação de Nehme, a cobrança do IOF tem impacto "parcial" diante da "estrutura" dos grandes bancos de investimento internacionais. "São instituições com estrutura para driblar, de forma lícita, o pagamento desse tipo de imposto", diz. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.