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Mantega: 'Não vamos cobrir prejuízo' de empresas

Por Renata Veríssimo e FABIO GRANER E ADRIANA FERNANDES
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje, em audiência pública no plenário da Câmara dos Deputados, que o governo não vai arcar com prejuízos de empresas obtidos em operações de derivativos. "Não vamos cobrir nenhum tipo de prejuízo", afirmou. Segundo ele, essas empresas tiveram lucros nessas operações anteriormente e agora, com a desvalorização do real, tiveram prejuízos, com os quais devem arcar e "seguir a vida". O ministro destacou que as empresas que tiveram problemas são de grande porte e podem continuar a operar normalmente, apesar das perdas recentes. Mantega disse não saber o volume exato de prejuízos das empresas com operações em derivativos. Ele também mostrou abertura para o estabelecimento de novas regulações para o mercado financeiro, lembrando que, na sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou novas regras para explicitação das operações de derivativos nos balanços do terceiro trimestre. "Podemos melhorar a regulação, inclusive com a ajuda do Congresso. Sempre há uma brecha que pode ser encontrada e temos que fechar estas brechas", afirmou. Na audiência da Comissão Geral da Câmara, Mantega afirmou ainda que o governo poderá lançar mão novamente da flexibilização dos depósitos compulsórios, "caso seja necessário". Segundo o ministro, o problema enfrentado pela economia brasileira é de liquidez, que secou no mercado externo, e não de insolvência, e, por isso, o compulsório é um instrumento adequado para se enfrentar este problema. Atenção Mantega disse que o governo nunca deixou de estar atento aos efeitos da crise internacional. Ele também afirmou que sempre disse que ela seria prolongada. "Nunca vendi ilusões, mas num primeiro momento a crise era mais leve", declarou o ministro em resposta ao líder da minoria deputado Zenaldo Coutinho que acusou o governo de reagir em soluços aos efeitos da crise. Mantega rebateu esta afirmação e disse que o governo tem enfrentado os problemas na medida em que surgem. "Não vamos inventar problemas que não existem", disse o ministro. Ele também rebateu as acusações da oposição de que o governo estaria dando socorro às empresas. Segundo o ministro, as medidas adotadas pelo governo não são um socorro às empresas ou bancos, mas sim um procedimento de mercado. Ele lembrou que o depósito compulsório são recursos dos próprios bancos que o governo está devolvendo para dar liquidez ao mercado. O ministro destacou ainda que a despeito da crise os empregos formais no Brasil estão crescendo e bateram recorde. Ele lembrou que nos Estados Unidos está havendo um aumento no nível de desemprego. Ao responder uma pergunta sobre o que acontecerá com a economia chinesa, Mantega disse que se houver uma redução do mercado consumidor na China provavelmente os chineses irão exportar seus produtos excedentes a preços aviltados. Segundo ele, o Brasil está alerta e não deixará que estes produtos subfaturados ameacem a indústria e os empregos no Brasil. Crédito Mantega afirmou que "não há exatamente um empoçamento de crédito na economia brasileira". Segundo ele, no Brasil, as instituições de crédito estão liberando recursos apenas em volume menor. Para Mantega, diante de um quadro de preocupação internacional, é natural que os bancos adotem uma posição de prudência. Por causa disso, disse o ministro, está faltando crédito para alguns setores, mas o governo está tentando resolver estes problemas. "Nós atacamos de frente esse problema de liquidez, mas não vamos atacar problemas que não existem", disse. De acordo com ele, o Banco Central já se propôs a liberar neste primeiro momento até R$ 100 bilhões. "Se liberar R$ 100 bilhões numa economia que não tem problema de subprime (crédito de alto risco) não for uma medida forte, não sei o que é medida forte. Fomos eficientes nesta resposta", afirmou.

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