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Mantega: sistema financeiro do Brasil continua sólido

Por Nalu Fernandes
Atualização:

O Brasil não apresenta problemas de solvência como conseqüência da crise financeira internacional, como os encontrados no "chamado mundo desenvolvido", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Lá nós temos mais problemas de liquidez", afirmou ao sair da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Vocês viram o Reino Unido, ontem, anunciando um pacote de US$ 1 trilhão de dólares para socorrer os bancos ingleses e outros países também tomando medidas desta natureza. Nós no Brasil não precisamos tomar medidas tão fortes quanto estas porque os problemas que temos lá são menores, muito menores do que esses. Mas o que eu quero dizer é que temos a mesma disposição de usar todos os instrumentos que o Estado possui para resolver os problemas que se apresentam", disse. Mantega avalia que a crise não afeta igualmente a todos os países. "É mais forte nos países avançados e menos forte nos países em desenvolvimento, porém, de qualquer maneira, atinge um pouco a todos. É bom para todos que ela seja debelada". Um ponto importante na crise financeira atual, continua o ministro, é que "os países estão demonstrando que estão dispostos a usarem todas as armas que têm disponíveis para combater a crise. Não há limites para a ação dos Estados", avalia. "Com essa disposição é que eu tenho a certeza que nós conseguiremos debelar a crise", acrescentou depois de sair de reunião com o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn. O ministro brasileiro afirmou que os problemas no País são localizados e mais relacionados à liquidez. "Porque sou ministro da Fazenda do Brasil, não perdi o sono. Acredito que meus colegas de outros países estão perdendo o sono, sim", completou. "Nós não temos razão de perder o sono lá no Brasil", reiterou, ao citar que o governo está "identificando rapidamente" os problemas de liquidez e combatendo-os. Estes problemas, acredita Mantega, são mais localizados e estão "em um ou outro setor que estava alavancado (endividado) em câmbio e que teve problema". "Portanto, não é o caso de perder o sono, porque a nossa situação, no geral, é muito satisfatória", acrescentou, citando que o Brasil tem reservas internacionais elevadas e continua crescendo. "O que é bom nesta situação. Estamos em situação favorável para enfrentar as conseqüências da crise internacional, que são inevitáveis para todos". G-20 Financeiro Diante do agravamento da crise e da resposta dos governos com "instrumentos conhecidos", Mantega avalia que é preciso "gerar novos instrumentos não conhecidos" com objetivo de lidar com a crise financeira atual. Na sede do Fundo Monetário Internacional, o ministro brasileiro afirmou que, na reunião do G-20 Financeiro, convocada para amanhã, os ministros irão discutir novos instrumentos para lidar com a crise. "Eu não vou antecipar aqui nossas propostas, mas, além da maneira tradicional, temos de usar novos instrumentos, mesmo porque as crises não são iguais". Mantega afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "deu algumas orientações" para o encontro que será presidido pelo ministro brasileiro. "Mas as revelarei lá durante o meu desempenho, no meu discurso amanhã e na minha condução do G-20 amanhã à tarde. Não dá para permanecer tanto tempo assim com bolsa despencando e bancos quebrando. Acho que nós vamos ter que ser mais criativos do que já fomos. Os governos estão usando os instrumentos conhecidos", reiterou. Ação coordenada "Vamos ter de ser mais criativos do que já fomos", ponderou o ministro sobre as reações dos governos ao agravamento da crise. "Acho que esta semana que passamos foi a pior semana, e não sei quando esta crise vai se resolver", acrescentou. O fato positivo no meio da crise, avalia Mantega, é que os governos "estão trabalhando cada vez mais em conjunto". "Esta crise só se resolve com ação coordenada de todos os países. Esta é uma das razões também pelas quais eu convoquei uma reunião do G-20, já que eu sou o presidente pro-tempore desse grupo, para que nós possamos nos aproximar mais em termos de estratégia de combate à crise".

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