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Mantega: vitória de Obama dá respaldo para mudanças

Por Fernando Nakagawa e CÉLIA FROUFE E RICARDO LEOPOLDO
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje a vitória de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos pode ter conseqüências positivas para a economia americana. Segundo ele, a vitória nas urnas dá ao novo presidente "respaldo eleitoral" para propor mudanças na maior economia do mundo. Mantega comparou o início do novo governo com a gestão de Franklin Roosevelt, no início dos anos 30. Ele observou, porém, que a situação atual se mostra menos ruim porque os EUA não estão em depressão e há instrumentos financeiros mais modernos para a reação à crise. O ministro brasileiro elogiou alguns dos assessores econômicos de Obama, como Paul Volcker e Larry Summers, que classificou de muito competentes. Em entrevista à imprensa em São Paulo, Mantega foi questionado por um repórter estrangeiro se o Brasil e a América Latina não poderiam "ficar para trás" porque os EUA e a Europa estão em processo de redução do juros, enquanto a região mantém as taxas estáveis. O ministro respondeu que as duas situações são distintas. "A Europa e os EUA cortam o juros porque o problema de liquidez é maior lá", disse. Na América Latina, diz ele, não há sinais de retração, apenas de desaceleração. Mantega aproveitou para reafirmar a política fiscal de 2009 no Brasil. Segundo ele, não foram feitas alterações da meta de superávit primário (economia que o governo faz para pagamento de juros da dívida) e os resultados recentes têm mostrado que o País tem conseguido aumentar investimentos, realizar superávit primário e ainda reduzir a dívida. Duas medidas Mantega afirmou que há duas medidas importantes para colaborar na recuperação da economia mundial, depois de ter sido fortemente afetada pela crise financeira global. Uma delas é os Estados Unidos e os países europeus implementarem rapidamente algumas medidas que foram anunciadas, mas não foram colocadas em prática, como a compra de ativos tóxicos ou a separação dos mesmos como os ativos que vêm das hipotecas, de modo a restabelecer a confiança no sistema financeiro. "Esses ativos estão dispersos no sistema financeiro internacional. Não se sabe qual banco tem um ativo tóxico ou não. Quem tem dinheiro não empresta porque não sabe se terá prejuízo adiante", argumentou. Outra medida essencial ressaltada por Mantega é que os países emergentes, que tiverem condições econômicas, devem adotar políticas econômicas anticíclicas a fim de estimular a ampliação de formação bruta de capital fixo, o nível de atividade e o potencial de geração de empregos. "Os Estados precisam aumentar os investimentos. A política monetária deve estimular o crédito, colocar mais crédito na economia, reduzir o custo financeiro", comentou.

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