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Marca registrada de estilo e acabamento

Fundador da Construtora Adolpho Lindenberg (CAL), que ergueu 8 milhões de metros quadrados e 5 mil apartamentos, é homenageado na premiação deste ano

Por João Carlos Moreira
Atualização:

A palavra crise sempre foi motivo de preocupação para empresários e trabalhadores ao longo da história, inclusive no momento que o Brasil atravessa. Incertezas em relação ao retorno de investimentos, risco de desemprego e insegurança geral tornam difíceis qualquer previsão sobre o futuro, mas há homens que não se assustam diante de tais dúvidas. É o caso do engenheiro Adolpho Lindenberg, fundador da Construtora Adolpho Lindenberg nos anos 1950, personagem cheio de lembranças sobre as crises vividas pelo País e as batalhas travadas para enfrentá-las e vencê-las.

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Alto padrão. Homenageado como na edição 2016 do Prêmio Top Imobiliário, Lindenberg, hoje com 92 anos, viu o crescimento vertiginoso da construtora na primeira década de negócios, mas acompanhou cada ano de vacas magras que a empresa – hoje conhecida simplesmente como CAL – amargou nos períodos de inflação alta dos anos 1960/70/80, que viriam a se repetir dez anos mais tarde. Viu de perto a mudança do perfil da clientela de elevado poder aquisitivo que formou com a incorporação de empreendimentos de alto padrão e soube se adaptar aos novos tempos e ao cenário da construção civil.

Para Lindenberg, a homenagem mostra essa trajetória. “As premiações são de grande utilidade, porque cada empresário tem histórias de sucesso, lutas e fracassos que as novas gerações ganham a oportunidade de conhecer. Comigo não é diferente”, diz ele, demonstrando memória aguçada para falar da carreira bem-sucedida.

Casarões. Chega a parecer irônico pensar que esse empreendedorismo firme e certeiro começou numa despretensiosa salinha na Rua Quintino Bocaiúva, perto da Praça da Sé, no coração de São Paulo, onde em 1954 o engenheiro e arquiteto formado pela Universidade Mackenzie abriu seu escritório de engenharia. Lindenberg tinha 30 anos e usou o dinheiro de herança recebida do pai para os primeiros projetos: a construção de três casas em estilo colonial no bairro que começava a se formar no entorno do recém-inaugurado Parque Ibirapuera.

Como ele conta no livro Influências – Olhares Paralelos sobre a Evolução da Sociedade e da Arquitetura Lindenberg, lançado por Maiá Mendonça e Renato Cymbalista por ocasião dos 60 anos de fundação da CAL em 2014, os casarões eram amplos, com dois andares, quintal e fachada no estilo barroco brasileiro, lembrando o casario antigo de Minas Gerais ou as sedes das fazendas de café. O empreendimento foi sucesso absoluto, com a venda dos imóveis e o ponto de partida para o surgimento da construtora.

O dinheiro foi investido na construção de novos casarões, dando início a uma sucessão de empreendimentos no estilo colonial, considerado por ele mais adequado ao clima e cultura brasileiros do que o Bauhaus tão em voga naqueles anos. Na época, Lindenberg já tinha Alberto Du Plessis e Plínio Vidigal Xavier da Silveira como sócios. Responsável pela área comercial e definição dos produtos, Lindenberg ampliou o leque de amizades e passou a reformar casarões de fazendas de café na região de Campinas. Esse contato direto com o comprador deu a marca que imprime na CAL até hoje. “Sempre tratei cada condômino como se fosse único, com direito ao contato pessoal com os engenheiros, alterar plantas, indicar acabamentos”, diz ele, no livro. “É o que denominamos ‘acabamento personalizado’, marca registrada da CAL.”

Artistas. Lindenberg chegou a contratar artistas de origem italiana, saídos do então Lyceo de Artes e Ofíceos, para executar trabalhos minuciosos de acabamento. Mesmo quando o crescimento exponencial da população de São Paulo passou a exigir a verticalização, ele soube oferecer estilização para um setor que tende à padronização.

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Sempre voltado para o segmento de alto poder aquisitivo, Lindenberg enfrentou o desafio de impor mudança cultural para uma clientela que queria morar em casarões, não em edifícios. “Nosso público queria um apartamento que fosse como um casarão, sem padronização – padronização significava empobrecimento – e que atendesse aos seus desejos”, afirma.

Lindenberg ficou preocupado ao lançar o primeiro prédio da CAL no início dos anos 1960, em Higienópolis, mas durante a obra já se sentiu aliviado, com todas as unidades vendidas. Na festa de entrega do edifício, em 1962, reuniu os condôminos e funcionários da CAL. “Dou muita importância ao trabalho dos mestres de obras, fui padrinho dos filhos de vários deles”, conta ele, que hoje emprega 260 funcionários no grupo.

O incorporador deve estar atento para o fato de que o comprador quer não só boas condições de compra ou a localização da obra, mas viver num prédio que esteja na moda, à frente, com novidades construtivas e onde a elite vai morar. Para Lindenberg, “a compra não é apenas pela sua utilização como moradia, mas instrumento para ascensão social”.

Diversificação. Com atenção às tendências, a CAL lançou na década de 1970 o primeiro flat brasileiro, nos Jardins, preconizando os edifícios de uso misto. À época, Lindenberg já diversificava os empreendimentos. Construiu prédios comerciais em Brasília, como a sede da Petrobrás, hotéis de alto padrão – Casa Grande no Guarujá, o Tropical de Manaus e de Santarém –, além de edifícios para bancos na Avenida Paulista e outras regiões da Capital.

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A CAL já atingiu 8 milhões de m² de construção e 5 mil apartamentos, diz Lindenberg com orgulho. Ele deixou o comando da empresa com Adolpho Lindenberg Filho, de 60 anos, mas costuma ir ao escritório uma vez por semana para opinar nos projetos de novos empreendimentos. Hoje, a CAL está voltada principalmente à incorporação de prédios nas cidades em crescimento por causa do agronegócio, como Ribeirão Preto, Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba. “Fala-se muito em crise, mas essa crise não chegou para o agronegócio, há boas oportunidades”, diz. Nessas localidades, há procura por unidades, agora, menores. “Os apartamentos de antigamente chegavam a ter 600, 700 m². Hoje, são de 250m² ou 350 m², mas sempre com acabamento de primeiríssima qualidade”, conta. “Eu mesmo moro num de 220 m² e estou muito satisfeito.”

“A compra não é apenas pela utilização do imóvel, mas instrumento para ascensão social”

“Fala-se muito em crise, mas ela não chegou ao agronegócio, há muitas chances”

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A palavra crise sempre foi motivo de preocupação para empresários e trabalhadores ao longo da história, inclusive no momento que o Brasil atravessa. Incertezas em relação ao retorno de investimentos, risco de desemprego e insegurança geral tornam difíceis qualquer previsão sobre o futuro, mas há homens que não se assustam diante de tais dúvidas. É o caso do engenheiro Adolpho Lindenberg, fundador da Construtora Adolpho Lindenberg nos anos 1950, personagem cheio de lembranças sobre as crises vividas pelo País e as batalhas travadas para enfrentá-las e vencê-las.

Alto padrão. Homenageado como na edição 2016 do Prêmio Top Imobiliário, Lindenberg, hoje com 92 anos, viu o crescimento vertiginoso da construtora na primeira década de negócios, mas acompanhou cada ano de vacas magras que a empresa – hoje conhecida simplesmente como CAL – amargou nos períodos de inflação alta dos anos 1960/70/80, que viriam a se repetir dez anos mais tarde. Viu de perto a mudança do perfil da clientela de elevado poder aquisitivo que formou com a incorporação de empreendimentos de alto padrão e soube se adaptar aos novos tempos e ao cenário da construção civil.

Para Lindenberg, a homenagem mostra essa trajetória. “As premiações são de grande utilidade, porque cada empresário tem histórias de sucesso, lutas e fracassos que as novas gerações ganham a oportunidade de conhecer. Comigo não é diferente”, diz ele, demonstrando memória aguçada para falar da carreira bem-sucedida.

Casarões. Chega a parecer irônico pensar que esse empreendedorismo firme e certeiro começou numa despretensiosa salinha na Rua Quintino Bocaiúva, perto da Praça da Sé, no coração de São Paulo, onde em 1954 o engenheiro e arquiteto formado pela Universidade Mackenzie abriu seu escritório de engenharia. Lindenberg tinha 30 anos e usou o dinheiro de herança recebida do pai para os primeiros projetos: a construção de três casas em estilo colonial no bairro que começava a se formar no entorno do recém-inaugurado Parque Ibirapuera.

Como ele conta no livro Influências – Olhares Paralelos sobre a Evolução da Sociedade e da Arquitetura Lindenberg, lançado por Maiá Mendonça e Renato Cymbalista por ocasião dos 60 anos de fundação da CAL em 2014, os casarões eram amplos, com dois andares, quintal e fachada no estilo barroco brasileiro, lembrando o casario antigo de Minas Gerais ou as sedes das fazendas de café. O empreendimento foi sucesso absoluto, com a venda dos imóveis e o ponto de partida para o surgimento da construtora.

O dinheiro foi investido na construção de novos casarões, dando início a uma sucessão de empreendimentos no estilo colonial, considerado por ele mais adequado ao clima e cultura brasileiros do que o Bauhaus tão em voga naqueles anos. Na época, Lindenberg já tinha Alberto Du Plessis e Plínio Vidigal Xavier da Silveira como sócios. Responsável pela área comercial e definição dos produtos, Lindenberg ampliou o leque de amizades e passou a reformar casarões de fazendas de café na região de Campinas. Esse contato direto com o comprador deu a marca que imprime na CAL até hoje. “Sempre tratei cada condômino como se fosse único, com direito ao contato pessoal com os engenheiros, alterar plantas, indicar acabamentos”, diz ele, no livro. “É o que denominamos ‘acabamento personalizado’, marca registrada da CAL.”

Artistas. Lindenberg chegou a contratar artistas de origem italiana, saídos do então Lyceo de Artes e Ofíceos, para executar trabalhos minuciosos de acabamento. Mesmo quando o crescimento exponencial da população de São Paulo passou a exigir a verticalização, ele soube oferecer estilização para um setor que tende à padronização.

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Sempre voltado para o segmento de alto poder aquisitivo, Lindenberg enfrentou o desafio de impor mudança cultural para uma clientela que queria morar em casarões, não em edifícios. “Nosso público queria um apartamento que fosse como um casarão, sem padronização – padronização significava empobrecimento – e que atendesse aos seus desejos”, afirma.

Lindenberg ficou preocupado ao lançar o primeiro prédio da CAL no início dos anos 1960, em Higienópolis, mas durante a obra já se sentiu aliviado, com todas as unidades vendidas. Na festa de entrega do edifício, em 1962, reuniu os condôminos e funcionários da CAL. “Dou muita importância ao trabalho dos mestres de obras, fui padrinho dos filhos de vários deles”, conta ele, que hoje emprega 260 funcionários no grupo.

O incorporador deve estar atento para o fato de que o comprador quer não só boas condições de compra ou a localização da obra, mas viver num prédio que esteja na moda, à frente, com novidades construtivas e onde a elite vai morar. Para Lindenberg, “a compra não é apenas pela sua utilização como moradia, mas instrumento para ascensão social”.

Diversificação. Com atenção às tendências, a CAL lançou na década de 1970 o primeiro flat brasileiro, nos Jardins, preconizando os edifícios de uso misto. À época, Lindenberg já diversificava os empreendimentos. Construiu prédios comerciais em Brasília, como a sede da Petrobrás, hotéis de alto padrão – Casa Grande no Guarujá, o Tropical de Manaus e de Santarém –, além de edifícios para bancos na Avenida Paulista e outras regiões da Capital.

A CAL já atingiu 8 milhões de m² de construção e 5 mil apartamentos, diz Lindenberg com orgulho. Ele deixou o comando da empresa com Adolpho Lindenberg Filho, de 60 anos, mas costuma ir ao escritório uma vez por semana para opinar nos projetos de novos empreendimentos. Hoje, a CAL está voltada principalmente à incorporação de prédios nas cidades em crescimento por causa do agronegócio, como Ribeirão Preto, Piracicaba, Jundiaí e Sorocaba. “Fala-se muito em crise, mas essa crise não chegou para o agronegócio, há boas oportunidades”, diz. Nessas localidades, há procura por unidades, agora, menores. “Os apartamentos de antigamente chegavam a ter 600, 700 m². Hoje, são de 250m² ou 350 m², mas sempre com acabamento de primeiríssima qualidade”, conta. “Eu mesmo moro num de 220 m² e estou muito satisfeito.”

“A compra não é apenas pela utilização do imóvel, mas instrumento para ascensão social”

“Fala-se muito em crise, mas ela não chegou ao agronegócio, há muitas chances”

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