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Marca ultrapassada

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Por Celso Ming e celso.ming@grupoestado.com.br
Atualização:

O Google tem 52,7 milhões de textos catalogados sob o verbete ''''60.000''''. Este é um número, como outro qualquer, elaborado sob o sistema de base 10, sem nenhum significado específico afora o de que nossa cultura gosta de números redondos. O fato de ontem o Índice Bovespa ter transposto pela primeira vez na história os 60 mil pontos não deveria merecer consideração especial. Mas é gancho para avaliar o que está ocorrendo. O Índice Bovespa é um cestão das 63 ações mais negociadas, cada qual com seu peso. Como varia ao longo do tempo, essa lista não deveria ser comparável consigo mesma. Mas as convenções determinam que assim seja. O que convém reter é que, na média ponderada, os preços das ações negociadas na Bolsa brasileira vêm passando por forte cavalgada. O Ibovespa se valorizou 419% no governo Lula e 37,28% este ano. Tal desempenho reflete a percepção de que, nesse ambiente favorável, as ações vêm proporcionando retorno melhor do que outras aplicações. A pergunta que conta está em saber até onde vai a boa fornada. A tabela ao lado mostra a aposta de um punhado de instituições. Dá para dizer que há, em princípio, condições para a continuação da alta. Confira as seguintes: (1) Volta ao risco - A decisão do Federal Reserve (Fed) de baixar os juros básicos dos Estados Unidos em meio ponto porcentual foi uma senha para o retorno ao risco (como são as ações), que agora se dá num ambiente de liquidez ainda maior do que a existente antes do estouro da crise. (2) Prova de fogo - A economia brasileira passou ilesa pelas turbulências externas. Mostrou para céticos e indiferentes que está menos vulnerável a corridas cambiais. E isso recomenda investimento em ações brasileiras. (3) A opção da hora - As bolsas de emergentes - e a do Brasil entre elas - entraram no foco dos investidores globais. Tanto que alguns analistas se perguntam, como o Financial Times, se o mercado de ações dos países emergentes não é o mais novo candidato a bolha do mercado financeiro. (4) Crescimento em dobro - A economia brasileira promete o dobro do crescimento dos últimos 15 anos. Saltou dos 2,5% para os 5,0%. Isso sugere mais oportunidades de negócio e mais lucro para as empresas, perspectiva que vai sendo reforçada pela alta das commodities. (5) Globalização dos mercados - Embora a Bolsa brasileira esteja recebendo mais capitais externos, não é preciso esse reforço para garantir valorização. Cerca de 50 ações de empresas brasileiras também são negociadas em Nova York. Como não pode haver diferença relevante de preços entre um mercado e outro (porque deflagraria movimentos de compra ou venda), basta que haja um aumento da procura em Nova York para que a alta se reflita aqui dentro ou vice-versa. Qualquer hora é hora para realização de lucros ou de queda dos mercados. É bom ter em conta que a crise externa ainda não foi embora. Mas são essas as forças que estão prevalecendo.

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