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Top Picks: Marco do saneamento beneficiará ações de empresas do setor no longo prazo

Medida, que permite a entrada de capital privado no setor, também deve trazer investimentos de até R$ 700 bilhões ao País

Por Wagner Gomes
Atualização:

O marco legal do saneamento básico, aprovado na última quarta-feira pelo Senado e que vai agora para a sanção do presidente Jair Bolsonaro, deve favorecer as ações das empresas do setor. Mas o processo, que inclui a privatização de pelo menos duas companhias, a Sabesp e a Copasa, deve ser de longo prazo, o que significa que os ativos podem ficar estáveis este ano.

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A lei prevê a abertura de licitação para serviços de água e esgoto, autoriza a iniciativa privada nas concessões e facilita a privatização de estatais de saneamento. A regulamentação será feita pelo governo e também pela Agência Nacional de Águas (ANA), que será responsável pela formação das diretrizes para o segmento. A meta é a universalização dos serviços até 2033 e os investimentos podem chegar a R$ 700 bilhões.

Enrico Cozzolino, analista do Banco Daycoval, diz que os preços das ações das companhias do setor foram afetados de maneira bastante positiva com a expectativa da votação da última quarta-feira. Em um segundo momento, os investidores venderam para realizar lucros. Como é um setor de longo prazo, pelo menos por enquanto o banco não elevou a recomendação das empresas.

Meta é universalizar os serviços de saneamento básico até 2033. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

"Existem diversas melhorias a serem feitas, como por exemplo a redução significativa de custos. Além disso, os impactos recentes em renda variável decorridos do coronavírus, não afetaram negativamente a redução das nossas expectativas para essas empresas, ainda que os preços tenham derretido", diz Cozzolino.

Apesar de acumular queda no ano, os papéis ON de Sabesp e Units de Sanepar estão em alta, respectivamente, de 12% e 16% somente em junho. O índice Bovespa subiu bem menos, 7% no mês. Luiz Sales, analista da Guide Investimentos, afirma que o marco regulatório é bem positivo para o setor e deve impactar as ações das companhias, como já tem acontecido. Para ele, existe valor a ser destravado com a privatização de Sabesp e da Copasa e as ações devem reagir à medida que os processos de privatização vão se desenrolando.

"A expectativa para Sabesp é para o primeiro semestre de 2021. Existe perspectiva de ampliação da recomendação por parte das casas de análise, visto que parte importante já obteve aprovação governamental. Seguimos com visão positiva para a privatização de Sabesp, enquanto a da Copasa ainda parece incerta, dado a falta de apoio da assembleia mineira com o governador Romeu Zema e a pauta de privatizações", afirma Sales.

Na Ativa Investimentos, Ilan Arbetman tem a mesma percepção e trabalha com recomendação de compra para Sabesp e Sanepar. "Para Copasa, enxergamos dificuldades a mais, como cláusulas que modificam seu contrato com o município de Belo Horizonte, responsável por aproximadamente um terço de sua receita e a dificuldade natural em se privatizar qualquer empresa na qual o governo de Minas Gerais tenha participação, com a necessidade de aprovação de três quintos em assembleia e a realização de plebiscito".

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Avanço

Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais, diz que a aprovação do marco regulatório de saneamento representa grande avanço para a economia voltar a se organizar e preparar o futuro, abrindo a possibilidade de capturar investimentos de vulto. Porém, de acordo com ele, ainda há muito para ser feito em termos de regulação desse segmento e de outros, além de reformas estruturantes para consolidar a segurança jurídica e garantir investimentos que são de retorno de longo prazo.

Segundo Bandeira, o novo regulamento beneficia empresas já instaladas e processos de privatizações, mas os reflexos só devem começar a acontecer lá pelo segundo semestre de 2021. Para ele, Sabesp e Copasa terão enormes desafios pela frente e muita necessidade de aporte de recursos para fazer face aos investimentos requeridos. "De qualquer forma é um bom momento para essas empresas, com reflexos de curto prazo", diz.

Para a analista fundamentalista da Mycap, Julia Monteiro, a primeira etapa para participação do capital privado nas empresas de saneamento básico foi iniciada. Mas algumas cláusulas importantes ainda deverão ser julgadas com possibilidade de alteração. "Dentre possíveis alterações, estão os decretos que dizem respeito desde a necessidade de aprovação do projeto pelas cidades envolvidas, a obrigatoriedade de assistência a cidades menos populosas e, por parte da empresa privada entrante, a comprovação de capacidade de implementação do projeto apresentado para a devida prestação do serviço".

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"Agora, há certamente a expectativa de elevação do valor das companhias, ou seja, potencial recomendação, caso seja provado interesse do investimento do capital privado nos projetos, assim como sua viabilidade, o que deverá gerar ganhos de margens e lucro em função da elevação da base de clientes, sinergias geradas e diluição dos custos e despesas", diz.

Na troca de carteiras, a Guide optou por mudanças pontuais. Sales diz que com o forte desempenho observado na última semana, optou pela realização de lucros de BTG Pactual e Magazine Luiza. Para seus lugares foram escolhidas duas empresas dos mesmos setores que as anteriores, mas com maiores potenciais de retornos para a próxima semana. Sendo assim, foram incluídas Itaúsa PN e Via Varejo. Por fim, a Guide substituiu Vale por Petrobrás pois enxerga maior potencial na segunda para o curto prazo.

Ainda nas mudanças, a Mycap fez quatro alterações. Da lista da última semana ficou apenas Qualicorp ON. Entraram Itaú PN, Minerva PN, Petrobrás PN e Random PN. Na Ativa Investimentos saiu Rumo ON e entrou no lugar Klabin Unit. Na XP Investimentos entraram Vale ON e Localiza PN.

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