07 de junho de 2013 | 02h05
No primeiro quadrimestre, a massa de salários cresceu 3,4% em relação a igual período de 2012, porcentual que corresponde a cerca da metade do verificado entre os mesmos períodos de 2011 e 2012 (+6,7%). A diminuição do crescimento da massa salarial se explica por dois fatos - avanço de apenas 1,7% do rendimento real (em contraste com a alta de 4,7%, entre 2011 e 2012) e de 1,6% na ocupação (contra 1,8%, no ano passado). Os salários nominais (ou seja, sem descontar a inflação) cresceram 8%, no primeiro quadrimestre, ante 9,9%, em igual período do ano passado, noticiou ontem o jornal Valor.
A massa salarial real da indústria aumentou 4,9%, nos primeiros quatro meses de 2011, e 2,4%, em igual período deste ano. Na construção, esses porcentuais foram de 17,5% e apenas 0,5% - o que dá uma ideia da perda de poder de negociação dos trabalhadores. Nos serviços domésticos, a renda variou +4,3% e -1,7%, nas mesmas bases de comparação.
O impacto sobre o consumo foi agravado pela inflação (6,49%, nos últimos 12 meses, até maio), que reduz o poder de compra dos salários. Ainda pior, a inflação de alimentos e bebidas chegou a 14% em 12 meses, em abril, alta muito maior do que a da massa salarial e dos rendimentos dos trabalhadores. A inflação dos itens básicos tende agora a cair, mas o estrago no consumo já está feito. Muitos consumidores tiveram de se endividar para pagar as contas.
Empresas do setor de varejo reforçam seus programas de economia para preservar as margens de lucro, evitando desperdícios. Combatem os furtos de mercadorias, os problemas com fornecedores e avaliam o impacto nos custos de itens danificados ou com validade vencida, é o que aparece num estudo sobre gestão do varejo da USP.
A política monetária mais apertada poderá ajudar a recompor o poder de compra dos consumidores, mas afetará as contratações e a evolução da massa salarial.
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