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Massas: vendas fracas retraem reajustes

Queda nas vendas do mercado de massas e biscoitos no primeiro semestre tornou indústrias dos setores mais cautelosas ao reajustar preços de seus produtos. Analistas acreditam que a fuga dos consumidores dificultará a alta dos preços.

Por Agencia Estado
Atualização:

A retração nas vendas do mercado de massas e de biscoitos no primeiro semestre de 2000 está fazendo com que as indústrias destes setores fiquem mais cautelosas ao calcular um aumento no preço de seus produtos. As geadas, que provocaram a perda de 1 milhão de toneladas de trigo do Paraná, poderá provocar uma alta sobre os preços das massas e biscoitos. O trigo é a principal matéria-prima utilizada por estes setores. No primeiro semestre de 2000, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Massas (Abima), o volume de vendas caiu 5% no mercado de massas e 6,6% no mercado de biscoitos. Analistas deste mercado acreditam que, mesmo se o preço do trigo e da farinha registrarem alta expressiva, será difícil para a indústria repassar estes preços, pois temem que a conseqüência imediata seja a fuga de mais consumidores. A indústria terá que reajustar seus preços, em média, 10%. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Roland Guth, o custo dos moinhos vai aumentar já que o trigo perdido terá que ser importado da Argentina. Guth acredita, porém, que a alta não será acentuada já que os preços argentinos estão pressionados pela queda nas cotações norte-americanas. Para Guth, a maior parte dos moinhos ainda não possui estoques para setembro/outubro, quando a necessidade pelo produto será maior. Preço do pão já não comporta mais aumentos O presidente da Abitrigo disse também que o preço da farinha de trigo já teve seu preço elevado em 10% no último mês. O preço da saca de 50 kg saltou para R$ 26,54 e para R$ 24,31 em São Paulo. Segundo ele, uma nova alta poderia provocar problemas no consumo. Heron do Carmo, coordenador do índice de inflação da Fipe-USP, acredita que, se produtos como o pão e o biscoito forem reajustados, estes aumentos não irão emplacar. O índice da Fipe mostra que o reajuste no preço de pão francês, por exemplo, já bateu no teto e não há mais como subir. Em junho, o pãozinho de 50 gramas era comercializado a R$ 0,15 subindo para R$ 0,18 no mês seguinte, ou seja, alta de 3,90%. Indústria adota estratégias para evitar alta dos preços As indústrias de massas estão adotando algumas estratégias para que os aumentos da matéria-prima não atinjam os consumidores. Aladino Selmi, diretor superintendente do Pastifício Selmi, explica que a empresa acabou com os descontos concedidos pela indústria ao varejo. Pelas suas contas, os descontos oscilavam entre 5% e 10%. Outra tática foi a redução de custos operacionais e lançamento de novos produtos de maior valor. A Selmi lançou duas novas linhas na semana passada para competir com os produtos importados: a de massas texturizadas e massas caseiras com ovos. As italianas estão no mercado por preços que variam entre R$ 7,00 e R$ 15,00 o quilo. O Selmi, dona das marcas Renata e Galo, oferece seus produtos no varejo a preços que oscilam entre R$ 4,00 e R$ 5,00 o quilo. Omar Assaf, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas) entende que os fabricantes de massas e biscoitos podem até tentar apresentar novas tabelas e retirar os descontos. Porém, correm risco de perder mercado. Ele acredita que demanda não é tão forte quanto a oferta. O mercado está bem protegido e a indústria tem que preservar a fatia que conquistou.

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