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''Medidas terão pouco efeito se taxa de juro continuar alta''

Por Marcelo Rehder e Paula Pacheco
Atualização:

O conjunto de medidas anunciado ontem pelo governador José Serra foi bem recebido por empresários e economistas. Porém, há um consenso entre eles de que se não for acompanhado de uma política monetária menos restritiva, pouco ajudará para debelar os efeitos da crise financeira mundial e evitar o avanço do desemprego. "Esse esforço do governo estadual, e também o do governo federal, no sentido de tomar medidas pontuais, fica desperdiçado no momento em que a taxa básica de juros (Selic) continua em 12,75% ao ano e o spread bancário (a diferença entre a taxa de juros cobrada por bancos e financeiras e a que eles pagam para captar recursos) em 40%", diz o Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Ele ressalta que muitas das medidas relacionadas ao setor produtivo foram sugestões da entidade. Para Julio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do governo federal e professor da Unicamp, a redução de impostos é uma forma não apenas de dar um alívio para as empresas como evitar que haja uma pressão sobre os preços para o consumidor final. Ele observa, no entanto, que uma queda na arrecadação de impostos estaduais pode dar uma vida curta à iniciativa de Serra. "Pode não haver sustentação política", adverte. O economista defende que os investimentos públicos sejam acompanhados de redução de taxa de juro e aumento da oferta de crédito: "O governo ainda está muito tímido neste tipo de medida". Luís Fernando Santos Reis, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), se mostrou satisfeito com o pacote paulista. "Esse tipo de pacote é fundamental para resolver o problema de desemprego durante a crise. E é o que tem sido feito em outros países, como Estados Unidos, China e França." Reis lembra que até agora o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não decolou como se esperava. Ao mesmo tempo, os investimentos em grandes obras que se esperavam de setores como o de siderurgia e mineração foram engavetados. "Colocar dinheiro em projetos de mobilidade urbana, estradas e saneamento é uma forma de gerar emprego e conseguir resultados rapidamente", avalia. A Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) representa um setor que será diretamente beneficiado pelas medidas do governo paulista. "As medidas propiciarão resultados mais rápidos do que os dos programas federais", opina Arlindo Moura, presidente da entidade.

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