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Prestadores de serviços reduzem repasses das altas de custos aos preços para não perder clientes

Empresas e profissionais dizem ter reajustado preços em porcentuais inferiores aos dos aumentos dos gastos com insumos

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:
A cabeleireira Luci Machado optou por não reajustar todos os serviço de uma vez só para não espantar os clientes Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Prestadores de serviços reajustaram seus preços nos últimos meses, mas dizem que esse repasse ficou abaixo do necessário para cobrir integralmente a alta de custos com insumos e despesas. É que eles temem perder clientela e faturamento.

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A cabeleireira Luci Machado, dona da Toko’s Cabeleireiros, por exemplo, aumentou em 20% o preço da manicure, em 16% o da pedicure e em 11% o valor pelo corte masculino. No valor cobrado pelo corte feminino e outros serviços, ela não mexeu. “Se eu aumentar todos os serviços ao mesmo tempo, o cliente se assusta e deixa o salão.”

Ela reclama da alta de custos de produtos básicos que utiliza no dia a dia. Pelo litro do xampu nacional, ela pagava até há pouco tempo R$ 27; hoje, diz gastar R$ 45. O esmalte saía por R$ 5 e, agora, custa o dobro.

Como está repassando menos do que deveria, Luci nem coloca tudo na ponta do lápis para não desanimar. O seu foco é manter o salão funcionando. Por isso, tem usado outras estratégias, como reduzir estoques de produtos. “Não sei se vou ter demanda, e produto parado é prejuízo.” Também decidiu fazer alguns “agrados” aos clientes. No corte de cabelo, por exemplo, a lavagem e a secagem saem de graça.

A terapeuta integrativa Patrícia de Freitas Lázaro é outra prestadora de serviços que optou por reajustar as sessões de terapia num ritmo menor do que a alta de custos. Em um ano e meio, aumentou as sessões de terapia em 25%.

“Só a gasolina que uso para ir atender e o material, como óleos essenciais, subiram muito mais do que isso”, diz a terapeuta. O litro do óleo de gergelim usado nas massagens terapêuticas, que custava R$ 30 antes da pandemia, hoje não sai por menos de R$ 100.

Pressionada pela alta dagasolina e dosóleos essenciais, aterapeuta corporal integrativa Patrícia de Freitas Lazaroreajustou o valor da sessão, mas menos do que o necessário Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Apesar de ter reajustado os serviços numa proporção menor do que a alta de custos, Patrícia diz que teve compensações. Com a pandemia, a demanda por terapias dobrou. “Isso está ajudando a compensar as pressões de custos.”

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Amassado

A última vez que o funileiro Vinicius Aguirre, dono da Hot Roder’s Funilaria e Pintura, havia reajustado seus preços foi em 2015, quando subiu de R$ 300 para R$ 350 o valor por peça reparada. No começo do ano, esse valor foi para R$ 400.

A correção de preços foi necessária porque os custos subiram. A tinta automotiva aumentou entre 30% e 35%, mas ele reajustou a mão de obra em 15%. Aguirre calcula que, se aumentasse o necessário, o volume de serviço cairia. “Tem muita gente andando de carro amassado”, observa.

Por conta do mercado apertado para serviços do dia a dia, o funileiro focou o reparo de carros antigos de coleção, onde consegue faturar mais.

Assustada com a altados alimentos e do gás de botijão, a diarista Maria Elza de Jesus tetou aumentar em R$ 20 o valor da faxina, mas consegiu um reajuste de R$10 Foto: WETHER SANTANA/ESTADÃO

Já a diarista Maria Elza de Jesus não teve escolha. Vendo a escalada de preços de alimentos, além do gás de botijão, ela decidiu reajustar o valor da faxina de R$ 150 para R$ 170. Mas as patroas ofereceram um aumento de R$ 10, alegando que pagavam a condução.

Maria Elza até tentou argumentar que o salário mínimo foi reajustado, mas não teve sucesso. “O que eu posso fazer? Preciso trabalhar ganhando pouco ou muito”, finaliza.

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