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Meirelles: crédito já voltou para níveis pré-crise

Por Fabio Graner
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou hoje que as concessões de crédito no Brasil já retornaram para os níveis anteriores à crise financeira. Segundo ele, considerando a fase anterior à crise como base 100, as condições de crédito tiveram uma queda para 92,7 em setembro e retornaram a 101,1 em janeiro. Ele disse também que o estoque de crédito cresceu 6,5% em dezembro ante setembro de 2008. Ele destacou que, na mesma base de comparação, os bancos pequenos tiveram um crescimento de 0,6%, os grandes bancos, expansão de 10% e os bancos públicos, de 12,9%. Meirelles explicou, em palestra no Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), que o crédito foi um dos canais por meio do qual a crise afetou o Brasil. Segundo ele, esse impacto se deu por causa, principalmente, da queda do crédito internacional. Por causa disso, o governo tem atuado para suprir essa carência de crédito, ofertando recursos das reservas internacionais e ampliando a capacidade de crédito dos bancos públicos, com a injeção de recursos de R$ 100 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Nós estamos substituindo o crédito externo. Essa é a primeira etapa. Na etapa seguinte, é importante que os preços do crédito caiam, que a taxa de aplicação seja menor", afirmou Meirelles, explicando que o aporte do BNDES vai ajudar nesse sentido. Ele mencionou também que a partir deste mês, o BC vai utilizar recursos das reservas para rolagem de dívida externa das empresas, o que ajudará a normalizar o mercado de crédito no Brasil. Meirelles afirmou que o Brasil entrou nessa crise melhor preparado do que uma série de outras economias, porque vinha com um crescimento acelerado, expansão da massa salarial, redução do número de pobres e com reservas em níveis bastante elevados, que permitem que o governo atue para minimizar os efeitos da crise no País. Intervenções no câmbio O presidente do BC informou que as intervenções da autoridade monetária no mercado de câmbio desde o agravamento da crise (setembro de 2008) até o fim de janeiro somaram US$ 61 bilhões. Desse total, US$ 14,3 bilhões foram de venda de dólares no mercado à vista, US$ 7,4 bilhões de leilões de moeda com compromisso de recompra, US$ 6 bilhões de leilões de linhas para comércio exterior, e US$ 33,3 bilhões de operações de swap cambial. Meirelles também informou que as liberações de depósitos compulsórios feitas para atenuar os problemas de liquidez no mercado interno somaram, de setembro até janeiro, R$ 99,2 bilhões. Meirelles tentou passar uma mensagem de serenidade para os agentes econômicos durante palestra hoje em Brasília. Segundo ele, não se deve ficar preso a movimentos de curto prazo como, por exemplo, ajustes de estoques que ocorreram na indústria em dezembro - provocando uma forte queda na produção industrial -, para que não se propaguem "certas atitudes que não são saudáveis" para a economia. "É importante que sejamos realistas, mas atitudes excessivamente agressivas do ponto de vista defensivo podem exacerbar problemas desnecessariamente", afirmou. Ele ressaltou que "é importante sermos pacientes e serenos" para, ao agir com rapidez e vigor, esperar os desdobramentos das medidas que foram tomadas para conter a crise. Meirelles ainda destacou que a crise é séria, mas que o governo continuará trabalhando para preservar as conquistas e para que o Brasil confirme as previsões de que o País será um dos menos ou o menos afetado pela situação internacional.

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