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Meirelles defende o uso do cinema como mídia

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Por Redação
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Foi filmando publicidade que o cineasta Fernando Meirelles criou condições para rodar Cidade de Deus, o longa metragem que o tornou conhecido internacionalmente. Hoje, embora passe mais tempo fora do País dirigindo filmes, Meirelles continua ligado à publicidade por meio da produtora O2 Filmes, que mantém em sociedade com Paulo Morelli e Andrea Barata Ribeiro. Para ele, a empresa funciona como uma espécie de laboratório, onde se testam idéias diariamente. ''''Hoje em dia não assumo nenhum compromisso com os anunciantes, mas depois de um tempo trabalhando na área fiz amigos e gosto de dar palpites em seus filmes. Faço isso por prazer, mas sem compromisso. Na verdade, eu sou 100% dispensável na O2, embora o contrário não seja verdade. A O2 me ajuda a me manter pensando.'''' Os dois últimos trabalhos publicitários de Meirelles foram filmes para a campanha da TV por assinatura Sky e para a Nike, produzido para o mercado chinês, em Pequim e Xangai. Meirelles lamenta que o uso do cinema como mídia seja pouco explorado no Brasil. ''''Essa é uma boa fonte de receita para o cinema e seria muito benéfico para a produção nacional'''', diz. ''''Tento filmar uma cena de Ensaio Sobre a Cegueira (seu novo longa) na porta de uma loja das Casas Bahia, em São Paulo, mas a direção da empresa não tem a menor boa vontade para nos ouvir e simplesmente se recusa a nos deixar filmar em frente à loja. Cinema, para eles, deve ser algo totalmente inútil, a não ser aqueles lindos comerciais que fazem.'''' Apesar da dificuldade, a publicidade está avançando no conteúdo das programações. Feito com elegância, esse recurso pode gerar projetos muito interessantes tanto para as empresas como do ponto de vista cultural, na opinião de Meireles. ''''Os anunciantes brasileiros ainda estão experimentando esse formato, o problema é que para as agências de propaganda aqui isso não é bom negócio, pois a maior fonte de receita deles vem da mídia e em projetos desse tipo eles não ganhariam pela veiculação. Não há nenhuma crítica aí, é como funciona o negócio. Mas acho que caminhamos para estes novos formatos inexoravelmente.''''

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