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Meirelles defende política monetária e admite "sacrifícios"

Ele destacou que a manutenção da inflação baixa e estável é fundamental para o processo de recuperação da renda real do trabalho e para a melhoria de indicadores sociais, como a redução da pobreza e da desigualdade de renda.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aproveitou a solenidade de abertura do seminário "Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária", na sede do Banco Central (BC), para fazer uma forte defesa da política de combate à inflação conduzida pela autoridade monetária. "O controle da inflação é uma conquista da sociedade e constitui um objetivo fundamental deste governo", afirmou. Ele destacou também que a manutenção da inflação baixa e estável é fundamental para o processo de recuperação da renda real do trabalho e para a melhoria de indicadores sociais, como a redução da pobreza e da desigualdade de renda. Meirelles destacou ainda que a inflação sob controle representa uma condição necessária para o alongamento de horizontes de planejamento de indivíduos e empresas. "Controlar a inflação, portanto, é condição primordial para que os poupadores aceitem prazos mais longos e taxas de retornos mais reduzidas em suas aplicações. Ou seja, para que as taxas de juros de equilíbrio possam baixar", disse. Controle da inflação pela demanda O presidente do BC ressaltou em sua intervenção que o principal mecanismo pelo qual a política monetária controla a inflação é a administração do crescimento da demanda agregada. "Compatibilizando a expansão da demanda agregada com o crescimento da oferta de bens e serviços, a política monetária assegura que a inflação permaneça sob controle ao longo do tempo. Infelizmente, não é possível atuar diretamente sobre a inflação sem manter o controle sobre o crescimento da demanda agregada", afirmou. O presidente do BC lembrou que a história do Brasil é repleta de tentativas de se atuar sobre a inflação sem atentar para o controle da demanda. O sucesso destas tentativas, segundo ele, foi apenas momentâneo. Ele também fez questão de enfatizar que não existe nenhum processo de desinflação sem custos em termos de produto, mesmo que haja uma alta credibilidade da política monetária. Meirelles reconhece que as projeções do mercado para uma inflação acima de 5,1% neste ano - acima da meta - e uma perspectiva de crescimento menor por parte dos analistas revela que o combate à inflação exigiu sacrifícios maiores do que o que se previa originalmente. "Isto, por si só, não quer dizer, de forma alguma, que o combate à inflação devesse ter sido relaxado", defendeu. Críticas O presidente do BC disse também que a credibilidade da política monetária vem sendo alvo de ataques contínuos, em duas frentes. A primeira delas, segundo ele, é a especulação sobre a real convicção do governo no sentido de apoiar os esforços do Banco Central para controlar a inflação. De acordo com o presidente do BC, essa especulação tem sido sistematicamente desmentida pelos fatos. Outra frente de ataques citada por Meirelles é a noção de que a política monetária no Brasil é ineficaz no controle da inflação. Para esses críticos, segundo Meirelles, a política monetária seria apenas um instrumento "nocivo manipulado com teimosia e fervor" pelo Banco Central e seria capaz apenas de causar prejuízos ao crescimento e à dinâmica da dívida pública. Meirelles defende que o Banco Central está conseguindo resultados bastante favoráveis no controle da inflação. Perspectivas para 2006 Meirelles destacou que as expectativas de inflação para 2006 dos agentes privados estão próximas da meta central de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional para o próximo. Ele também ressaltou o fato de que a política monetária conduzida pelo BC obteve resultados sem recorrer a flutuações extremas das taxas de juros. "É pena que tantos, ao invés de celebrarem o que se constitui uma conquista para o País e fazerem o possível para que essa vitória se consolide ao longo do tempo, continuem a usar os mesmos argumentos do passado para minar a credibilidade da política monetária", disse.

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