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Meirelles defende prudência do BC e ataca juro bancário

Competição e a transparência ajudarão na queda das taxas de empréstimos, espera presidente do BC

Por Fabio Graner e Renata Veríssimo
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em audiência no Congresso Nacional, fendeu o gradualismo e a prudência do Banco Central no corte de juros, mas criticou a demora dos bancos em reduzir as taxas para o consumidor. Segundo ele, a última decisão de política monetária do Copom, que manteve a taxa Selic inalterada, foi tomada por prudência. Garantiu ainda que ela não representa o esgotamento do processo de corte de juros. Ele explicou que as atuais decisões do BC só terão efeito no segundo semestre de 2008 e em 2009 e, portanto, nenhum banco central atua para impactar a inflação corrente ou do mês passado. "A inflação corrente resulta de decisões de política monetária tomadas no passado".   Meirelles ressaltou que o Copom vem cortando o juros desde setembro de 2005 e que a economia está crescendo. Ele ressaltou ainda os benefícios trazidos pelo aumento das reservas internacionais do Brasil. De acordo com o presidente do BC, a elevação das reservas diminui o risco País e reduz o custo de carregamento de toda a dívida pública brasileira e do setor privado.   Por outro lado, o presidente do BC, reconheceu que os juros praticados no mercado bancário no Brasil ainda são muito elevados para padrões internacionais, apesar de estarem em queda nos últimos anos. "Há muito trabalho a ser feito no Brasil para baixar a taxa de juros", disse.   Segundo ele, a experiência internacional mostra que o melhor caminho para isso é estimular a competição e a transparência. Meirelles lembrou que medidas já adotadas pelo governo, como a portabilidade do cadastro e a criação da conta salário, atuam nessa direção.   Ele enfatizou especialmente a conta salário e, segundo ele, amplia muito a capacidade de negociação dos clientes. Ele lembrou ainda que o BC, no âmbito do Conselho Monetário Nacional, trabalha na discussão de medidas que visam dar mais transparência e ampliar a competição. "Estamos indo na direção correta", disse Meirelles, que afirmou ainda esperar um ambiente cada vez melhor para o consumidor em termos de taxa de juros.     Em relação à redução do spread bancário - diferença entre o que os bancos pagam na captação e o cobrado dos clientes -, Meirelles afirmou que é necessário um processo contínuo de aperfeiçoamento, no âmbito do CMN.   Economia   Meirelles afirmou que, apesar da crise externa, espera a continuidade do crescimento econômico do Brasil. Segundo ele, fatores como crescimento da renda, do crédito e da massa salarial vão sustentar a trajetória de elevação do nível de atividade. "A demanda doméstica deve permanecer como elemento propulsor da economia brasileira", disse Meirelles.   O presidente do BC afirmou que o Brasil não está totalmente imune ao que se passa no mundo com seus parceiros comerciais. Mas está preparado para enfrentar as turbulências, porque tem fundamentos positivos da economia, como a dívida pública interna, a inflação em trajetória cadente e em linha com a meta, as reservas em alta.   Todos esses fatores, segundo ele, refletem decisões de política econômica e, mais especificamente, de política monetária tomadas no passado. Essas decisões, diz Meirelles, têm levado o Brasil a gerar empregos e a ter uma trajetória de crescimento sustentado.   Votos   Meirelles se manifestou contrário à abertura dos votos dos membros do Copom. Segundo ele, esse não é o sistema consagrado internacionalmente e não é praticado na maioria dos BCs. Na visão dele, no regime de metas de inflação a mensagem que a autoridade monetária passa para a sociedade é muito importante para a coordenação das expectativas. E, segundo o presidente do BC, a abertura de votos exigiria que cada um dos diretores fizesse uma ata explicando a decisão.   Meirelles explicou aos deputados como ocorre a votação do Copom e destacou que nenhum diretor chega com o seu voto pronto, como ocorreria em uma decisão judicial. Ele disse que a recomendação é que os diretores não cheguem com seus votos escritos para estarem abertos à discussão.

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