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Meirelles defende reforma sem mudança

De acordo com o ministro da Fazenda, no caso da Previdência, se não for para fazer uma reforma completa, ‘é melhor não fazer nada’

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Por Redação
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BRASÍLIA - Em périplo na Câmara dos Deputados para convencer os parlamentares da base do governo a não alterarem os pontos-chave da proposta da Reforma da Previdência, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avisou que, se for para aprovar um texto “diluído”, é melhor não se fazer nada. Ele defendeu a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres e disse acreditar que o texto será aprovado na Casa em abril.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles Foto: André Dusek/Estadão

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Depois de já ter se reunido com os deputados do PMDB na noite de terça-feira, ontem foi a vez do ministro comparecer a encontros com as bancadas do PSD, PRB e PP. O ministro foi enfático ao defender o texto enviado ao Congresso no fim do ano passado, contra eventuais mudanças realizadas pelos parlamentares sob o pretexto de tornarem a reforma mais fácil de ser aprovada. Questionado por jornalistas se não há nenhum ponto negociável na proposta enviada pelo governo, Meirelles limitou-se a responder que “a princípio, não”.

“Não adianta fazer alterações que tornem a Reforma ineficiente. Não adianta fazer muito barulho para não termos o resultado esperado”, disse o ministro após a reunião com o PP. “Uma Reforma da Previdência muito diluída para não criar resistências não resolve o problema. Se não for para fazer uma reforma completa, é melhor não fazer nada”, completou.

Reforço. Ministros de partidos da base vão seguir o exemplo de Temer e entrar em campo com as respectivas bancadas a fim de garantir a aprovação da proposta. A intenção é que os ministros reforcem a defesa técnica do governo e mantenham a base coesa, principalmente para as votações de pontos polêmicos da proposta na comissão especial e no plenário da Câmara.

Um sintoma das dificuldades do governo foi demonstrado ontem no encontro do ministro da Fazenda com a bancada do PSD, partido ao qual é filiado. Somente 15 dos 36 deputados da bancada da legenda participaram do encontro com Meirelles na Câmara.

Por ora, ainda não houve um pedido expresso do Planalto para que os ministros atuem diretamente nas respectivas bancadas, mas já há quem, nos bastidores, se antecipe e esteja conversando com parlamentares.

Senador licenciado pelo PP, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse estar “pronto para ajudar” o governo a aprovar a reforma e tem conversado com parlamentares. Seu correligionário, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, negou que haja compromisso para se preservar o texto da reforma, mas disse que está trabalhando “articulado” com a cúpula da legenda e as lideranças do partido para ajudar o governo.

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Obstáculos. Reservadamente, ministros disseram à reportagem que o texto é duro e vai exigir muita negociação com as bancadas. Uma das ameaças do governo à sua base, conforme antecipou na sexta-feira o Estado, é que deputados podem perder indicações de cargos no Executivo caso votem contra pontos da reforma.

Um dos parlamentares na mira do governo é o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), um dos principais críticos da reforma na comissão especial. No governo, há quem defenda que o líder do partido, Jovair Arantes (GO), retire-o da comissão - ele ainda permanece nela, contudo./ EDUARDO RODRIGUES, FERNANDO NAKAGAWA, RICARDO BRITO E DAIENE CARDOSO