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Meirelles descarta uso alternativo da reserva brasileira

Por Nalu Fernandes
Atualização:

Não cabe discussão sobre uso alternativo das reservas internacionais brasileiras, segundo a avaliação do presidente do Banco Central, Henrique Meireles. "A proteção oferecida ao País pelas reservas, durante a turbulência recente, mostra-se superior ao seu custo de carregamento", disse. Em entrevista a jornalistas em Washington, Meirelles afirmou que, diferentemente das reservas, o fundo soberano de investimento a ser criado terá função estratégica. "As reservas são usadas segundo critérios técnicos por padrões internacionais aceitos, visando a assegurar a solvência a liquidez do País em momentos de crise", disse Meirelles. "Já o fundo soberano de investimentos será constituído depois que as reservas atingirem um determinado nível, que ainda não foi estabelecido e seu uso está em processo de definição." Para o presidente do BC, as reservas "agora estão sendo provadas extraordinariamente valiosas. Por isso, não cabe discussão sobre uso alternativo. Isto tem provado ter valor extraordinário ao Brasil, muito superior ao custo de carregamento das reservas". Um exemplo disto, ponderou o presidente, é que o desempenho dos papéis brasileiros está cada vez melhor. "Existia uma direta correlação entre aversão a risco dos mercados internacionais e risco Brasil. Esta foi a primeira vez que a aversão ao risco aumentou muito e o risco do Brasil aumentou pouco e, depois, voltou para onde estava antes." Turbulências Segundo Meirelles, o Brasil cada vez mais mostra na prática que está mais resistente às turbulências internacionais. "Evidentemente, nenhum país é completamente imune a uma crise internacional de grandes dimensões. Existe ainda preocupação com recessão da economia norte-americana", reconheceu. "De qualquer maneira, o Brasil está muito mais bem preparado do que antes e melhor preparado que muitos outros países." O papel do fundo soberano, diz Meirelles, é de um fundo de investimentos estratégicos e será montado à medida que o País gerar "recursos suficientes de moeda externa". "O País está discutindo para saber como pode se usar esta disponibilidade extra de moeda externa em beneficio do País. É isso que procuramos", afirmou. Sobre a diversificação das reservas internacionais, Meirelles explicou que pelo fato de a dívida externa ter parte denominada em dólares, "é importante que parte das reservas também seja denominada na mesma moeda". Mas uma parcela da reserva é, sim, diversificada em outros ativos, um processo administrado "com sucesso e considerado um dos melhores do mundo", afirmou hoje, após receber o prêmio "Banqueiro Central do Ano", concedido por uma revista britânica. Meirelles está em Washington para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.

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