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Meirelles: Dubai serve de alerta para excesso de exuberância

Apesar de mercados terem reagido bem na sexta-feira, presidente do Banco Central ressalta incertezas

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mostrou-se, mais uma vez, realista em relação aos efeitos que o pedido de moratória da dívida da empresa Dubai World, maior conglomerado estatal de Dubai, podem acarretar para a economia mundial. A despeito de os mercados domésticos terem reagido bem na sexta-feira, Meirelles acredita que o alerta está dado.

 

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O dólar fechou ontem com queda de 0,40% cotado a R$ 1,743 e o Ibovespa subiu 1,04% para 67.082,15 pontos, mesmo com a onda de nervosismo no mercado financeiro internacional. Mas esta reação do mercado interno parece não ter empolgado o presidente do BC. Ele lembrou que ontem, em função do dia de Ação de Graças, o mercado financeiro não funcionou em tempo integral nos EUA, e que é preciso aguardar como as Bolsas americanas vão se comportar na segunda-feira.

 

"Vamos aguardar como vai reagir o mercado norte-americano. Mas, independentemente disso, a situação serve como um alerta de que temos problemas à frente e que devemos evitar

excesso de exuberância", ressalta o presidente do BC.

 

Meirelles reforçou ainda que "o ensaio que nós não vemos ainda é qual será a consequência de Dubai. É o que temos alertado: a recuperação da economia mundial tem muitas incertezas." Ainda de acordo com Meirelles, o sistema financeiro mundial não absorveu todas as perdas que possivelmente terá no decorrer deste processo.

 

No entanto, o presidente da autoridade monetária brasileira fez questão de separar os eventos de curto dos de longo prazo. Meirelles fez esta separação ao ser perguntado se estaria dormindo bem à noite com o atual nível da cotação do dólar, em desvalorização diante do real.

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"São duas questões bastantes diferentes. Uma é a questão de curto prazo e a outra é estratégica, de longo prazo", disse. A questão de curto prazo, na avaliação de Meirelles, está relacionada a todos os governos e bancos centrais do mundo, que se preocupam em evitar a formação de bolhas nos diversos preços de ativos em função da alta liquidez do dólar gerada pelas políticas monetária e fiscal norte-americana.

 

E isso, de acordo com Meirelles, tem levado o mundo todo a ter de lidar com essa situação de duas formas. Em primeiro lugar, é evitar distorções na formação de preços e, em segundo, é impedir que a exuberância excessiva possa levar a reações excessivas e momentos de correções. Para o longo prazo, o presidente do BC acredita que o Brasil precisa começar a discutir qual é de fato seu modelo exportador.

 

O presidente do Banco Central fez estas declarações após ter participado da abertura da 32ª edição do prêmio Líderes Empresariais, no World Trade Center, em São Paulo. O fórum, presidido por Ozires Silva, reúne 1.200 empresários. O evento deste sábado tem como finalidade homenagear os 182 empresários que mais se destacaram no cenário econômico brasileiro e que, de alguma forma, contribuíram para o crescimento e desenvolvimento social do País.

 

GARANTIA

 

O Banco Central dos Emirados Árabes Unidos poderá garantir as dívidas do Dubai World, ajudando o emirado de Dubai a evitar um embaraçoso default, segundo fontes próximas ao assunto. Uma medida permitirá que bancos locais dos Emirados expostos ao Dubai World, que tem quase US$ 60 bilhões em dívida, evitem fazer provisões, disseram as fontes.

 

Uma garantia federal, lastreada nos vastos bens de petróleo de Abu Dabi, também protegerá os bancos de um possível rebaixamento na classificação de risco de crédito, disse uma das fontes.

 

Um porta-voz de Abu Dabi e do governo federal não pôde comentar o assunto ao ser contatado neste sábado. Autoridades do Banco Central não estavam disponíveis.

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O apoio federal do banco central pode aliviar os temores dos mercados regionais depois do anúncio, na quarta-feira, de que o Dubai World pediu uma paralisação por seis meses no pagamento das dívidas, o que desencadeou temores de um default em massa ao redor do mundo. Dubai e Abu Dabi são dois dos sete Emirados que foram os Emirados Árabes Unidos.

 

(Com Agência Estado e Dow Jones)

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