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Meirelles minimiza riscos na Bolívia

"É um fator como muitos outros de incerteza. Mas existem riscos diversos no mundo. Do ponto de vista da economia global, há fatores de incerteza muito maiores, como o Irã", afirmou

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão do governo da Bolívia de nacionalizar as reservas de gás e petróleo é alvo de preocupação dos principais bancos centrais do mundo, com exceção do presidente do Banco Centra do Brasil, Henrique Meirelles. Hoje, na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS) na Suíça, os xerifes das finanças internacionais debateram a medida tomada pelo governo de Evo Morales ao analisar os eventuais riscos para a economia mundial e apontaram que La Paz pode ser mais uma fonte de volatilidade e inflação. Já Meirelles preferiu minimizar os efeitos da decisão boliviana. "É um fator como muitos outros de incerteza. Mas existem riscos diversos no mundo. Do ponto de vista da economia global, há fatores de incerteza muito maiores, como o Irã", afirmou Meirelles. O presidente do BC ainda opta por não comentar os impactos que a decisão teria sobre a inflação brasileira. "Ainda é prematuro avaliar os efeitos gerados pela Bolívia. Vamos aguardar. Isso vai depender de muita coisa: se haverá um aumento do preço do combustível, de quanto será o aumento, de qual será a postura da Petrobras sobre isso. Enfim, do ponto de vista do BC, não temos informações suficientes para nos pronunciar", explicou. Para Meirelles, o aumento do preço da energia seria "apenas um dos fatores que influencia a inflação". "No passado, houve momentos em que houve um aumento dos preços de energia, mas ao mesmo tempo ocorreu uma apreciação da moeda. Isso de certa maneira equilibrou o processo. O BC não olha um só fator. No dia 30 de maio, na próxima reunião do Copom, olharemos tudo o que ocorreu no período e então tomaremos uma decisão", disse. Preocupação na Europa A União Européia (UE) insiste na realização de um encontro com o presidente da Bolívia, Evo Morales, ainda nesta semana para tratar da decisão de La Paz de nacionalizar os campos de gás e petróleo no país. Bruxelas está em negociação para que a reunião ocorra no final desta semana, durante a Cúpula Europa - América Latina, que se realiza a partir de quinta-feira em Viena. "Não queremos que o tema da energia afete as relações entre a Bolívia e a Europa", afirmou um porta-voz da Comissão Européia. A cúpula é a quarta entre os dois continente desde 1999. Mas desta vez, a presença de Morales promete ofuscar parte da agenda preparada pelos europeus. Bruxelas admite que ainda não conseguiu fechar com a diplomacia boliviana o formato que a reunião ganhará, mas garantiu que a cooperação energética será um dos temas que os presidentes debaterão. A declaração final do encontro também contará com referência ao setor. "O que queremos é negociar uma saída para essa situação", afirmou um funcionário da UE. Segundo ele, o que mandou um sinal muito negativo foi a presença de forças armadas. Na capital da União Européia, diplomatas e negociadores não escondem desde o dia 1º de maio a preocupação do bloco diante da decisão de Morales. "Sabíamos que a questão de uma maior participação do estado boliviano no setor de energia era um dos pontos da campanha eleitoral de Morales. Mas alguns aspectos dessa decisão nos preocupam", explicou o porta-voz da UE. Os europeus esperam que o governo de Morales negocie com cada uma das empresas da região antes de qualquer nova ação como uma expropriação. A espanhola Repsol, a British Petroleum e a francesa Total são as principais fontes de preocupação de Bruxelas. "A decisão não afeta o abastecimento de gás na Europa porque não importamos da Bolívia, mas afeta os interesses das empresas das região que tem investimentos na América do Sul", afirmou o bloco. Bruxelas também espera que o governo de La Paz estabeleça consultas com os países europeus e mesmo com as instituições da UE para evitar que as medidas tenham um impacto ainda mais negativo para as relações entre a Europa e a Bolívia.

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