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Meirelles nega omissão do BC sobre o Opportunity

Por FERNANDO NAKAGAWA E FABIO GRANER
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou hoje que o BC tenha sido omisso no caso envolvendo o Banco Opportunity. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, ele repetiu diversas vezes que a função do BC é analisar a saúde financeira das instituições de forma a evitar o risco para o sistema. "O BC fiscaliza as instituições financeiras, os bancos. Já os fundos são fiscalizados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O BC fiscaliza as ações que podem prejudicar a saúde da instituição e que podem prejudicar o sistema quando há eventualmente uma violação de procedimentos", afirmou. Meirelles explicou que o BC pode punir administrativamente as instituições financeiras que não cumprem as regras estabelecidas pela autoridade monetária. Contudo, quando há o registro de um crime, o BC repassa as informações ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF), que são, neste caso, os responsáveis, acrescentou, em resposta à pergunta do senador Aloizio Mercadante sobre o caso envolvendo o Opportunity. Ao ouvir as explicações, Mercadante afirmou que os desdobramentos do caso mostram que "ou houve exagero da Polícia Federal ou houve omissão do BC e da CVM". Para justificar a avaliação, o senador chamou a atenção para o fato de que os clientes do banco tinham a instituição funcionando normalmente em um dia e, no seguinte, toda a diretoria estava presa (pela Polícia Federal, na Operação Satiagraha). Em resposta, Meirelles disse: "Não é tão simples assim, de ser uma coisa ou outra". "A atuação da PF ou do MPF não tem nada a ver com a instituição financeira. É como o funcionário de um banco que comete um crime nas horas vagas", justificou. Meirelles ainda afirmou aos senadores que quando há a detecção pelo BC de alguma irregularidade nas instituições financeiras, a fiscalização, a apuração e uma eventual penalidade acontecem em sigilo. Segundo ele, esse procedimento tem como objetivo não fomentar os boatos entre os clientes. Meirelles disse também que há "perfeita sintonia" entre o BC e a PF, e que "todas as informações que não são sujeitas a sigilo bancário são repassadas à Polícia Federal". Quando há sigilo, explicou, o BC entrega os dados à PF após decisão judicial.

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