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Meirelles se exime de responsabilidade sobre lucro dos bancos

No BC, a tese mais aceita para os lucros recordes dos bancos são os altos spreads - diferença entre os juros de captação e as taxas cobradas nos empréstimos - e o grande volume de recursos para o crédito.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, se exime de qualquer responsabilidade pelos lucros recordes dos bancos em 2005 e diz que as altas taxas de juros no País não são necessariamente a causa desse resultado. Na semana passada, o próprio BC divulgou um levantamento em que mostra que os bancos apresentaram um crescimento de 36% em seus lucros em relação a 2004, superando R$ 28 bilhões. "Compete aos bancos falar sobre isso. O BC é apenas um regulador e implementador de política monetária", afirmou Meirelles. No BC, a tese mais aceita para os lucros recordes dos bancos são os altos spreads - diferença entre os juros de captação e as taxas cobradas nos empréstimos - e o grande volume de recursos para o crédito. Meirelles lembra que as companhias cotadas em bolsa estão também tendo resultados recordes. "Isso mostra crescimento sustentável da economia", argumentou. Ele só não explicou porque o Brasil foi uma das economias que menos cresceu em 2005 entre os países emergentes e que teve um resultado superior apenas ao do Haiti no ano passado entre os países das Américas. Divisão no Copom O presidente do BC nega ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) esteja dividido diante da votação na semana passada que levou à queda da taxa de juros em 0,75 ponto porcentual - de 17,25% para 16,5% ao ano. Dos nove votos, três foram favoráveis a uma queda de 1 ponto porcentual. "Em várias oportunidades o Copom não teve uma decisão unânime. É normal e já ocorreu antes", alegou. Cenário eleitoral O presidente do BC também garante que o País está preparado para uma eventual volatilidade (oscilação) dos mercados diante do processo eleitoral. Segundo ele, nem mesmo o aumento dos gastos do governo em ano eleitoral tira o Brasil de suas metas ou afeta a "autonomia prática" do BC. "O Brasil tem um compromisso com o superávit primário e tem uma meta. Não sei se será 4,25% ou maior. Mas em nenhum momento foi anunciado um aumento dessa taxa. Só posso dizer que estaremos dentro dela", disse. Amanhã, na Basiléia, Meirelles participará da reunião com os maiores BCs do mundo e que pela primeira vez contará com a participação de Ben Bernanke, o novo presidente do Federal Reserve Bank. "O recado que darei (na reunião) é que a economia brasileira continua bem?, afirmou Meirelles, que reconhece que o crescimento em 2005 do País foi "menor do que se esperava".

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