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Meirelles vê conspiração em denúncias contra ele

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse neste sábado que está "absolutamente tranqüilo" com relação às novas denúncias contra ele publicadas pela revista Veja deste fim de semana. Questionado sobre se sente respaldado pelo presidente Lula, Meirelles respondeu: "Sim, me sinto totalmente respaldado". A revista traz informações sobre transações imobiliárias, feitas por um procurador de Meirelles, suspeitas de serem uma operação para "esquentar" patrimônio. Entre outros fatos, ela informa que um procurador de Meirelles, seu primo Marco Túlio Pereira de Campos, foi detido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando embarcava para Brasília levando na pasta R$ 32 mil em espécie. Meirelles confirma as transações, mas garante que tudo ocorreu perfeitamente dentro da lei. "Para que eu ia querer fazer rolo desse tamanho?", questionou. "Venho de 30 anos de vida no mercado financeiro e nunca tive um problema sequer. Fui presidente de uma multinacional nos Estados Unidos e lá eles fiscalizam tudo, tudo." Meirelles tem um patrimônio estimado em R$ 100 milhões. Estranha coincidência O presidente do BC lança no ar uma teoria de conspiração. "De onde vêm essas coisas? Não sei, mas de algum lugar elas vêm." Ele considera uma estranha coincidência o fato de haver se transformado em alvo de denúncias justamente quando a economia dá sinais de melhora. "Passei um ano e meio tomando pancada por causa da taxa de juros e recessão. Quanto está tudo certo, aparece esse tipo de coisa." De acordo com a revista, Marco Tulio foi preso com o dinheiro e documentos que mostram que Meirelles estava comprando como pessoa física, uma chácara em Anápolis que pertencia a uma empresa, Silvania Empreendimentos e Participações. Essa empresa pertencia a outras duas empresas, Silvania One e Silvania Two, com sede em Delaware, nos EUA. Essas duas empresas pertencem a Henrique Meirelles. Ou seja, ele estava comprando como pessoa física algo que já lhe pertencia como pessoa jurídica, daí a suspeita de fraude fiscal. Jeitinho No entanto, fontes próximas a Meirelles informam que a transação se deu pelo mesmo valor. A chácara só estava em nome da empresa porque na época em que foi adquirida Meirelles não morava no Brasil e não tinha CPF, dizem as fontes. O presidente do BC poderia ter dado "um jeitinho", mas preferiu fazer a compra via pessoa jurídica, aconselhado por advogados. Os R$ 32 mil que estavam com Marco Tulio diziam respeito a uma outra operação: um terreno em Piracicaba (SP). A revista informa ainda que Meirelles abriu uma empresa, a Catenária Administração de Bens e Participação, quando já estava no governo. Ele deveria ter informado à comissão de ética mas não o fez. Advogados do BC avaliaram que não se tratava de uma "variação relevante" no patrimônio, por isso, não seria necessário informar à comissão de ética. O patrimônio da Catenária é de R$ 10 mil. Oposição A oposição voltou neste sábado a cobrar do governo a demissão de Henrique Meirelles. O líder do PFL, senador José Agripino (RN), disse que não há mais condições de o governo continuar "acobertando" irregularidades de auxiliares com notas oficiais. "Ou vai fundo na questão ou a credibilidade do governo vai para o ralo." O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), reiterou que subirá à tribuna na terça-feira para pedir a demissão de Henrique Meirelles, seu antigo companheiro de partido. "Não dá para posar como a mulher de César só na aparência, sem estar totalmente comprometido com a ética e integridade." Presidente da CPI do Banestado, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), disse que os novos fatos contra o presidente do BC enterram de vez a afirmação de governistas que creditam à comissão o vazamento de informações contra membros do governo. Ele afirmou que o governo não pode continuar insistindo na manutenção de Meirelles no posto.

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