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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Menos carbono

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O acordo da Conferência Global do Clima de Paris, a COP-21, fechado no início do mês, determinou que se fizessem mais investimentos em direção a uma economia global de baixo carbono. Esta coluna aponta para alguns dos caminhos que podem ser agora percorridos. Com o objetivo de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e cumprir as metas com as quais se comprometeram, 195 países terão de apostar mais fichas não só na ampliação da participação das fontes de energias renováveis, mas também em torná-las cada vez mais eficientes. Para enfrentar esses investimentos, os signatários do acordo avançaram na criação de um fundo de US$ 100 bilhões por ano, formado por contribuições dos países mais ricos, que começarão a ser arrecadadas em 2020. Esses recursos se destinarão ao financiamento de projetos a serem implantados em países em desenvolvimento.  No momento, as iniciativas apontam para a concentração de projetos de produção de energia eólica e de energia solar. O professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ Luiz Pinguelli Rosa destaca essas duas fontes renováveis como as que mais vêm mostrando avanços tecnológicos e ganhos de escala. “Quando o Brasil passou a adotar a energia eólica em 2004, os custos eram estratosféricos. Agora, equivalem aos de usinas termoelétricas a gás natural, graças aos avanços tecnológicos.”  Um desses avanços foi a adoção de torres eólicas mais altas. Há alguns anos, não passavam de 50 metros de altura; agora ultrapassam os 100 metros. É uma alteração que amplia o aproveitamento da força do vento e permite um aumento significativo do chamado fator de capacidade (relação entre o GWh gerado e a potência instalada). É o que confere mais eficiência dessa fonte no Brasil em relação à encontrada em outros países. O Brasil é o 10.º maior produtor de energia eólica do mundo, o que corresponde a 5% da nossa matriz energética. A energia solar no Brasil compõe uma fatia de apenas 0,01% na matriz energética, mas seu potencial é gigantesco. Os especialistas do setor apostam em que o grande salto do uso dessa fonte no País acontecerá no segmento de geração distribuída, que é aquela em que cada consumidor produz sua própria energia solar. É uma solução que dispensa a construção de redes de transmissão e evita perdas de energia.  O Ministério de Minas e Energia, que, no último dia 15, lançou o programa de geração distribuída com ênfase na energia solar, calcula que 2,7 milhões de consumidores brasileiros (residências, comércio, indústria, etc.) estarão em condições de gerar energia própria até 2030. Se esses números são excessivamente otimistas ainda não se sabe. Mas é fato que os custos vêm caindo, graças ao ganho de escala na produção de equipamentos, principalmente os painéis fotovoltaicos, que convertem a energia do Sol em energia elétrica. A principal explicação para esse recuo de custos é a ampliação do seu uso pela China. Outra aposta que sempre vem à tona quando o assunto é a redução de emissões de gases poluidores é o investimento em veículos elétricos. Como já mencionado outras vezes nesta Coluna, o incentivo a esse tipo de veículo pode não trazer o resultado esperado. Se a energia elétrica que abastece esses carros provem da queima de combustíveis fósseis, os gases poluentes apenas trocarão os escapamentos dos veículos pelas chaminés das usinas térmicas. Outro desafio consiste em desenvolver baterias eficazes para esse tipo de veículo. “Esse é um campo ativo de pesquisa. A bateria de lítio utilizada hoje é basicamente a mesma desde meados do século 19. Houve pouco avanço nessa área”, diz o professor José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP). Para ele, melhor do que despejar dinheiro em carros elétricos no Brasil seria reabilitar o programa do etanol. “Se dobrássemos a produção de etanol no Brasil, poderíamos reduzir as emissões do sistema urbano em 10%. É uma contribuição importante”, defende. Com LAURA MAIA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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