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Mercado agitado com viagem secreta de Cavallo

A demora no anúncio do pacote econômico argentino e a descoberta de que Cavallo está em viagem, até ontem à noite secreta, aos Estados Unidos, começa a preocupar os mercados. O dólar comercial para venda subiu para R$ 2,7610, os juros do DI a termo de um ano subiram para 22,468% ao ano e a Bovespa caiu 1,26%.

Por Agencia Estado
Atualização:

Descobriu-se que o ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, foi na segunda-feira secretamente aos Estados Unidos, sem que o motivo da viagem fosse revelado. Ele deve retornar a Buenos Aires amanhã, e sua missão suscitou diversos rumores nos mercados. A demora na divulgação do pacote argentino contribuiu para a boataria, e as cotações refletiram um ambiente mais apreensivo. Os rumores mais verossímeis sobre a ida de Cavallo aos Estados Unidos são de que ele estaria tentando obter mais recursos para a renegociação da dívida. Mas também falou-se de que ele tenta avançar na troca de papéis das províncias com as matrizes dos bancos estrangeiros presentes na Argentina. Inevitavelmente, também cogitaram-se negociações para a dolarização, o que muitos analistas descartam, já que há muita discordância dentro da equipe econômica sobre esse assunto. As notícias que ajudaram a azedar os humores no mercado referem-se ao impasse nas negociações da equipe econômica com governadores de províncias, bancos locais, administradoras de fundos de pensão e bancos estrangeiros. Os governadores não aceitam o corte no repasse de verbas proposto pela União, mas exigem a renegociação das suas dívidas a taxas de juros mais baixas e prazos alongados, entre outros. Eles voltam a se reunir com o governo federal logo mais. Por outro lado, bancos recusam a troca de títulos das províncias. Quanto à reestruturação da dívida da União, as garantias oferecidas por organismos multilaterais, de US$ 8 bilhões, são insuficientes para promover uma troca de títulos voluntária nas condições de que o país precisa sem perdas para os detentores dos papéis. Mas, em caso de prejuízo para os credores, as agências internacionais de classificação de risco já avisaram que considerarão a operação um calote, dificultando a obtenção de novos créditos. De qualquer forma, mantém-se no mercado a opinião de que o governo será capaz de driblar as dificuldades no curto prazo, mantendo o compromisso do déficit zero, mesmo que não adote medidas profundas o suficiente para solucionar a crise. Com a demora do pacote e a missão secreta de Cavallo, adiciona-se uma dose de preocupação, que pode aumentar nos próximos dias. Fechamento dos mercados O dólar comercial para venda fechou em R$ 2,7610, com alta de 1,14%. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - fecharam o dia pagando juros de 22,468% ao ano, frente a 22,400% ao ano ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,26%. O índice Merval da Bolsa de Valores de Buenos Aires fechou em queda de 0,44%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou praticamente estável, em alta de 0,06%, e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - fechou em alta de 1,59%. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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