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Mercado aguarda anúncio de ajuda à Argentina

Expectativa de pacote de ajuda externa à Argentina pode diminuir a instabilidade no mercado financeiro. Porém, as incertezas com relação ao déficit argentino para o próximo ano continuam e o mercado não dá o problema como resolvido.

Por Agencia Estado
Atualização:

Notícias veiculadas pela imprensa argentina de que o presidente da Argentina, Fernando De la Rúa, anunciará à noite um pacote de ajuda externa deve deixar o mercado financeiro mais tranqüilo hoje. A expectativa é de que o valor da ajuda oscile entre US$ 10 bilhões e US$ 16 bilhões. Isso deve deixar os investidores mais tranqüilos em relação à capacidade da Argentina em honrar suas dívidas em 2001 que, calcula-se, esteja no patamar de US$ 20 bilhões. Junto com o anúncio da ajuda externa, espera-se a divulgação de novas medidas fiscais que, segundo antecipou ontem a Agência Estado, estariam sendo cobradas pelos Estados Unidos e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como forma de reduzir a dívida do país e melhorar a sua credibilidade. O anúncio está marcado para hoje, 21h30 (horário Brasília). Na abertura dos negócios nessa sexta-feira já percebe-se a diminuição da instabilidade. O dólar comercial abriu cotado a R$ 1,9570 - queda de 0,66% em relação aos últimos negócios de ontem. Há pouco era vendido a R$ 1,9590, diminuindo a queda para 0,56%. Depois de permanecerem em alta nos últimos dias, as taxas de juros também apresentaram recuo. Os contratos de juros de DI a termo - que indicam a taxa prefixada para títulos com período de um ano - começam o dia pagando juros de 18,750% ao ano, frente a 19,000% ao ano registrados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em alta de 1,20%. Situação na Argentina e reflexos no Brasil Mesmo com a entrada de um pacote de ajuda externa na Argentina, o problema do país não estará resolvido. A Argentina encontra-se em um ciclo recessivo. Não consegue aumentar a arrecadação de impostos, pois a economia não cresce. Dessa forma, o governo não tem como diminuir o déficit público. A única alternativa seria a aprovação de um corte de gastos que consta no orçamento proposto pelo governo. Porém, para que seja realizado, o Congresso e o Senado precisam aprovar as medidas. A incerteza em relação ao futuro da economia argentina tem reflexos diretos no Brasil. Os dois países tem estreitas relações comerciais. Uma crise na Argentina afeta o comércio externo brasileiro. Além disso, os papéis da dívida dos dois países compõem as carteiras dos investidores estrangeiros para economias emergentes e a crise na Argentina fez com que os títulos brasileiros perdessem valor. De acordo com Jorge Simino, diretor-executivo do Unibanco Asset Management, a proporção de títulos brasileiros nessas carteiras é maior do que a de papéis argentinos. Além disso, como a economia do Brasil já vinha dando sinais de crescimento nos últimos meses, essa diferença aumentou ainda mais. "O agravamento do cenário na Argentina fez com que os investidores começassem a se desfazer dessa alocação maior de títulos brasileiro. Em relação aos papéis argentinos, a exposição já era menor", explica Notícias internas No início da manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O resultado ficou em 0,14%, apresentando um recuo de 0,09 ponto percentual em relação à taxa de setembro, que foi de 0,23%. Com isso, o Índice, que serve como base para a meta de inflação do governo, ficou em 5,01% no acumulado do ano.

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