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Mercado aumenta previsão para inflação em 2016 pela 1ª vez em seis semanas

Após dados mostrarem uma inflação mais resistente, economistas consultados pelo BC também passaram a ver menos cortes na Selic

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - No primeiro relatório Focus divulgado após os dados mais recentes do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as previsões para a inflação em 2016 pioraram no Relatório Focus. Em meio à forte pressão nos preços dos alimentos, os economistas do mercado elevaram de 7,20% para 7,31% a projeção mediana para o IPCA este ano. Quatro semanas atrás, estava em 7,26%.

Para 2017, após uma série de cortes nas projeções, o mercado manteve em 5,14%, nesta semana, a previsão para o IPCA. Um mês antes, estava em 5,30%.

Na última quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação em julho foi de 0,52%, acima da mediana de 0,45% prevista na pesquisa do Projeções Broadcast com as instituições financeiras.

Economistas ouvidos pelo BC elevaram de 7,20% para 7,31% a projeção para o IPCA deste ano Foto: ANDRE DUSEK|ESTADÃO

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No comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) e na ata da reunião, o BC havia informado que, pelo cenário de referência, que pressupõe a Selic (a taxa básica de juros) inalterada em 14,25% ao ano e um dólar a R$ 3,25, as projeções apontam para uma inflação em torno da meta de 4,5% já em 2017. No cenário de mercado, que utiliza as trajetórias para os juros e o câmbio apuradas na pesquisa Focus, a inflação projetada para 2017 está em torno de 5,3%. Para 2016, a ata do Copom indicou que as projeções, tanto no cenário de referência quanto no de mercado, apontam para uma inflação em torno de 6,75%. 

Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano no relatório Focus também pioraram, passando de 7,20% para 7,41%. Para 2017, foram de 4,97% para 5,25%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente,7,18% e 5,33%.

Selic. O IPCA de julho foi diretamente responsável pela mudança nas previsões para a Selic em 2016, contidas no relatório Focus do Banco Central. O índice de preços mostrou uma inflação de curto prazo resistente, em função de alimentos e bebidas. 

O resultado foi que os economistas do mercado passaram a prever menos cortes para a Selic ainda em 2016. A abertura dos dados do Focus mostram que, na terça-feira, a mediana das projeções do mercado para a Selic no fim deste ano estava em 13,50%. Com os números do IPCA à disposição já na manhã de quarta-feira, essa projeção passou para 13,75%. 

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Apesar da pressão trazida pelos alimentos em 2016, o mercado segue projetando para o fim de 2017 uma Selic em 11,00% ao ano. Isso significa que, ao longo do próximo ano, o Banco Central, com a inflação já mais controlada, teria espaço para promover cortes maiores da Selic. 

PIB. As projeções do relatório Focus desta semana alteraram de forma marginal as expectativas para a atividade do País em 2016, que continuaram mostrando uma forte recessão para o ano. Pelo documento, houve ligeira melhora nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano: a mediana projetada passou de -3,23% para -3,20%. Há um mês, o mercado previa uma retração de 3,25%.

Para 2017, o cenário segue um pouco melhor, com perspectiva de PIB positivo. Ainda assim, o mercado prevê para o País, conforme o relatório Focus, um crescimento de apenas 1,10% no próximo ano, mesmo porcentual projetado há uma semana e há um mês.

As estimativas para a produção industrial também mostraram leve melhora no relatório Focus, ainda que o cenário para 2016 siga ruim. A queda prevista para este ano passou de 6,00% para retração de 5,95%. Já para 2017, a projeção de alta foi de 0,50% para 0,75%.

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Câmbio. O Relatório de Mercado Focus mostrou estabilidade nas estimativas para o câmbio deste ano. O documento indicou que a cotação da moeda estará em R$ 3,30 no encerramento de 2016, mesma projeção da semana anterior. Um mês atrás, estava em R$ 3,39. Para o fim de 2017, a mediana seguiu em R$ 3,50 de uma divulgação para a outra - quatro semanas atrás estava em R$ 3,50. 

Na semana passada, durante evento em São Paulo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que a instituição poderá reduzir sua exposição cambial em ritmo compatível com o normal funcionamento dos mercados. Ilan afirmou que é importante reduzir a intervenção, sem falar especificamente nos swaps cambiais. "É importante caminharmos para reformas microeconômicas que reduzam distorções e evitem intervenções demasiadas, aumentando a eficiência do mercado", afirmou.