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Mercado celebra IPCA 2006 e não vê grandes riscos à frente

Analistas acreditam que 2007 deve também ser um bom ano para a inflação

Por Agencia Estado
Atualização:

Sem grandes surpresas na divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, o mercado comemorou, nesta sexta-feira, o resultado da inflação acumulada em 2006. Segundo os analistas, apesar da falta de perspectivas de choques positivos, a exemplo do que ocorreu no ano passado, 2007 deve também ser um bom ano para a inflação, conforme apontam as expectativas expressas na pesquisa Focus, do Banco Central. Para a economista-chefe do Espírito Santo Investment, Sandra Utsumi, foi a forte desaceleração de preços dos alimentos que levou a inflação para baixo do centro da meta de 4,5% em 2006. Os preços dos produtos alimentícios caíram todos os meses, entre maio e setembro. "Foi um ano atípico por conta desse choque positivo, que não deve se repetir no próximo ano", ressalta. O economista da MB Associados, Sergio Vaz, concorda com a avaliação e ainda destaca que 2007 deve representar um novo teste para o Banco Central (BC), que trabalhará com a taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 13,25% ao ano) em patamares historicamente baixos. "Nesse sentido, poderá ocorrer uma preocupação maior do BC com relação à inflação de 2008, a partir do segundo semestre. De qualquer forma, o resultado de 2006 foi muito bom", diz. Para o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, o resultado do IPCA de 2006 abre espaço para mais cortes de juros. Ele mantém sua aposta de queda de 0,5 ponto percentual da Selic na reunião do dia 24 de janeiro. "A boa inflação de 2006 contamina o cenário de 2007. Do ponto de vista inflacionário o quadro é positivo (...) e continua a percepção de que pode haver novo corte de 0,50 ponto", avaliou. Segundo Vaz, um outro fator a ser acompanhado de perto no próximo ano, a exemplo do que já ocorreu em 2006, é a trajetória da taxa de juros americana. Com alguns segmentos não ligados aos setores imobiliários e de automóveis retomando fortemente, o risco de uma alta de juros nos Estados Unidos aumenta. "Acredito que a taxa de juros ficará estável por mais tempo. Mas se o risco de uma alta aumentar, deve haver um aumento da volatilidade, o que dificultará o trabalho do BC brasileiro" diz Vaz, que projeta um IPCA em 4% no próximo ano. Leonardo Portugal, do Banco Safra, afirmou que o cenário continua muito bom para a inflação deste ano. "Pelos nossos cálculos, o IPCA acumulado em 12 meses não ultrapassa a taxa de 4% em nenhum mês do ano", previu. Com o fechamento do IPCA de 2006 os agentes de mercado também chegam à conclusão de que não houve erro de dosagem na política monetária, conforme insistem alguns representantes do setor empresarial. "O BC foi surpreendido, assim como o mercado, pelo choque positivo dos alimentos, que é um fator exógeno. O mais importante é que o BC manteve a inflação no intervalo da meta e conseguiu ancorar as expectativas para os anos de 2007 e 2008, o que é fundamental", diz Rodrigo Eboli, economista da Mellon Global Investment. Para Vaz ainda há que se considerar o impacto da política monetária sobre a demanda agregada no Brasil, fator indispensável para se compreender os efeitos do trabalho do BC sobre a inflação. "Se estivéssemos nos Estados Unidos, onde a demanda agregada responde imediatamente a uma alta de juros, poderíamos dizer que o BC errou a mão. Mas no Brasil, a resposta é mais lenta como demonstra, por exemplo, a insensibilidade do consumidor aos juro, portanto não dá para criticar a dosagem aplicada pelo BC na política monetária", conclui.

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