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Mercado coloca em xeque aporte de fundo russo para fusão de TIM e Oi

Prisão do banqueiro André Esteves teria esfriado as negociações com o fundo LetterOne, do bilionário Mikhail Fridman, para o aporte de até US$ 4 bi na Oi, que tem o BTG como acionista; fundo Cerberus estuda fazer proposta para a operadora

Por Monica Scaramuzzo e Mariana Durão
Atualização:
Desvalorização. De janeiro até agora, os papéis da operadora acumulam queda de 70% Foto: ESTADAO CONTEUDO

As incertezas sobre o movimento de consolidação da operadora Oi, que tem o banco BTG Pactual como um de seus acionistas, por meio do fundo Caravelas, estão se refletindo nas ações da companhia negociadas em Bolsa. Desde o dia 25 de novembro, quando o banqueiro André Esteves foi preso sob suspeita de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, os papéis da companhia acumulam desvalorização de 13%. No ano, a queda é de 70%.

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Fontes próximas à Oi garantem que as negociações com os russos continuam firmes. “O BTG atua nessa operação como assessor financeiro e a prisão de André Esteves não contamina as negociações em andamento”, disse um dos principais acionistas da Oi ao Estado.

No entanto, segundo esse acionista, a Oi ainda não enviou uma proposta oficial para a TIM para uma possível combinação dos negócios. “Estamos aguardando a reunião do conselho de administração da Telecom Itália, que será realizada no dia 15”, disse.

Nessa reunião, será definida se a Vivendi, maior acionista da Telecom Itália aumentará de 13 para 17 os membros do conselho da operadora italiana, para ter maior influência nas decisões da companhia. “Precisamos saber primeiro como ficará a influência da Vivendi na Telecom Itália, para depois apresentarmos uma proposta s para a TIM”, disse essa fonte.

Interessados. Além do possível interesse dos russos, o fundo americano Cerberus Capital Management estuda entrar no páreo da possível fusão entre as operadoras brasileiras Oi e TIM, apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

A percepção do Cerberus é que a crise no BTG pode abrir espaço para o fundo entrar nas negociações. Com US$ 30 bilhões sob gestão, o fundo tem experiência em reestruturação de companhias em crise operacional ou financeira.

Interessada em prospectar projetos no Brasil, a empresa de investimento fechou em maio deste ano uma parceria com a RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher, que deve ajudar na avaliação de projetos no País.

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O consultor brasileiro, conhecido como Ricardo K, tem mais de R$ 100 bilhões em reestruturações de dívidas no currículo nos últimos cinco anos. A lista inclui a atuação na briga societária entre o Opportunity e os fundos de pensão na Brasil Telecom.

Representante dos fundos na época, K se tornou presidente da Brasil Telecom, em que conduziu o processo de reestruturação que culminou na venda da empresa justamente para a Oi, em 2008.

Segundo fontes, a entrada da Cerberus ainda está em estágio inicial. O fundo não apresentou uma proposta à Oi, tampouco para a TIM. A operadora controlada pela Telecom Itália tem dito que os rumores de fusão não passam de especulação e nega ter recebido uma proposta.

A Cerberus ainda não fechou a compra de participação em nenhuma companhia brasileira. O fundo apenas fez investimentos em bonds (títulos de dívida) de empresas brasileiras cotados no exterior.

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Endividada. A entrada de um investidor é considerada vital para a saúde financeira da operadora Oi, que encerrou o terceiro trimestre com dívida líquida de R$ 37,2 bilhões. A operadora, que desde setembro é uma empresa de capital pulverizado (sem um controlador), foi a grande aposta do governo para ser uma das grandes campeãs nacionais e contou com suporte financeiro do BNDES.

No ano passado, o BTG tentou costurar o fatiamento da TIM entre Oi, Telefônica e Claro, da América Móvil, mas a proposta não foi levada adiante. A combinação dos ativos da Oi com a TIM é hoje a única proposta considerada possível nas mãos, mas o mercado coloca sua execução em xeque com a crise no BTG.

Para lembrar. O bilionário Mikhail Fridman tem investimentos, por meio de seu fundo LetterOne, em companhias de telecomunicações da Europa. Em abril passado, o fundo L1 anunciou ao mercado planos para investir US$ 16 bilhões em empresas de telecomunicações, tecnologia e também óleo e gás. Fridman é dono do Grupo Alfa, que controla um dos maiores bancos privados de investimento da Rússia. Nascido na Ucrânia, em 1964, o empresário pertence a uma das famílias mais ricas da Rússia. Hoje, seu grupo é controlador de operadoras de telefonia na Rússia, VimpelCom, e na Turquia, a Turkcell.

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