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‘Mercado de carros deve voltar para os modelos mais econômicos’, diz presidente da Volkswagen

Pablo Di Si diz que crise pós-pandemia deve frear demanda por veículos mais sofisticados, como a SUVs; executivo participou da série de entrevistas ao vivo ‘Economia na Quarentena’, do 'Estadão'

Foto do author Fernando Scheller
Por Fernando Scheller e Monica Scaramuzzo
Atualização:

Depois de duas décadas construindo um mercado de veículos mais sofisticados e de ver a fatia dos SUVs (utilitários esportivos) chegar a um quarto das vendas do setor, as montadoras deverão se preparar para uma volta ao passado na esteira da crise do coronavírus. De acordo com Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América Latina, o cenário de emprego, crédito e confiança do consumidor deve empurrar o cliente de volta a segmentos mais populares. “Vamos voltar para os carros de modelos mais econômicos.”

Pablo Di Si, presidente da Volkswagen para a América Latina Foto: Hélvio Romero/Estadão

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O executivo, que participou da série de entrevistas ao vivo “Economia na Quarentena” nesta quinta-feira, 7, afirmou que são necessárias regras claras para a volta ao trabalho – isso ajudará bastante no planejamento das empresas. “Precisamos de uma diretriz clara para podermos planejar. Sempre falo ao meu time que a data (da volta da produção) é o menos importante, se vamos começar a produzir em 18 ou 25 de maio”, disse Di Si, lembrando que não adianta retomar a produção com as concessionárias fechadas.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

A Volkswagen retoma suas atividades em 18 de maio. Dá para garantir essa data com a incerteza das medidas em São Paulo?

O mais importante é a saúde dos nossos funcionários. Temos operações fortes na Alemanha e na China e adotamos protocolos muito restritos quando voltamos a trabalhos. Temos mais 80 itens no protocolo de segurança. Por enquanto a retomada vai ser em 18 de maio. O governador de São Paulo, João Doria, vai ainda anunciar como serão as medidas de retomada. Hoje, todas as concessionárias nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro estão fechadas. Obviamente que não podemos abrir fábricas sem a demanda dos consumidores. 

Como o sr. vê a demanda de carros no Brasil em 2020?

Eu conversei muito com meu colega, presidente da Scania, e eles recomeçaram a trabalhar no fim de abril, mas eles têm ordens de outros continentes. Eles estão em um mundo quase ideal, exportando. A maior da nossa produção é para a América Latina. O importante é equilibrar a demanda de consumidores com a produtores – não podemos produzir a mais para gerar e estoques e queimar caixa, sendo obrigados a dar grandes descontos. Esse ajuste fino tem de ser equilibrado com as políticas de Estado.

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Está faltando uma clareza na condução da reabertura?

O Brasil é um continente tanto em tamanho quanto em cultura. Concordo em ter políticas diferentes conforme a capacidade hospitalar de cada região. Precisamos de uma diretriz clara para podermos planejar. Sempre falo ao meu time que a data é o menos importante, se vamos começar a produzir em 18 ou 25 de maio, por exemplo. Uma semana a mais ou a menos não faz diferença. 

Empresas como o Magazine Luiza controlam rigidamente como a equipe está sendo afetada pelo covid-19. A Volkswagen faz esse acompanhamento?

Temos envio de WhatsApp diários do time de recursos humanos, médicos que acompanham caso a caso, com detalhes, os funcionários. Nossos protocolos são muito rígidos. Fizemos muitos vídeos para explicar de tudo: como passar em uma catraca sem tocar, como será a medição de temperatura, a higienização das mãos, o controle de temperatura... Tem várias metodologias que nós aprendemos na China e na Alemanha. Para garantir que sigamos os protocolos, vamos ter monitores no chão de fábrica, nos escritórios e nos restaurantes.

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E a empresa está trazendo tecnologias novas? Vai ter um treinamento geral para medir se as pessoas entenderam os procedimentos?

É preciso comunicar de todas as formas. Fizemos um aplicativo de celular – 98% de nossos funcionários já baixaram, onde olham holerites e comunicados. Já marcamos todo o chão de fábrica, escritórios, elevadores. Separamos as mesas dos restaurantes. Atacamos de forma escrita, por e-mail e principalmente digital. Estamos fazendo treinamentos online todos os dias. Porém, acho que o trabalho dos monitores e o dever cívico coletivo serão fundamentais. Quando voltarmos é importante não ter hierarquias. Se eu ou um gerente estivermos fazendo algo errado, alguém poderá também chamar nossa atenção. 

Quais são as ajudas governamentais que o setor está pleiteando com o governo?

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Não vamos receber um centavo de dinheiro público. Tivemos várias reuniões com o ministro Paulo Guedes e com a equipe econômica. Aliás, não pedimos dinheiro público, mas liquidez dos bancos privados para o sistema, principalmente fornecedores e concessionárias. Como a crise é grave e sem precedentes, eles estão sofrendo para pagar os salários. Se não protegermos as cadeias como um todo, vai gerar muito desemprego. Temos de pensar no curto prazo, nas próximas semanas. Há vários programas que estão sendo trabalhados com o Banco Central e o BNDES e para os fornecedores.

A falta de acordo entre o governo federal e os governos estaduais sobre o combate à crise atrapalhou o planejamento das empresas?

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Eu posso te falar que o grave problema (do Brasil) é a pandemia, é a incerteza de todo o mundo. A prudência é fundamental e ter os valores claros. Nessas crises profundas você vê o melhor e o pior das pessoas, ficam mais claros os valores das empresas e das pessoas. A Volkswagen foi a primeira montadora a parar aqui no Brasil. Colocamos todo mundo em home office, mesmo sem termos as ferramentas e os sistemas preparados para isso.

E como foi colocar em prática o home office? Deu para entender que é possível fazer mais coisas remotamente?

Com certeza. Cada um vai tirar suas próprias conclusões e vamos viajar menos a trabalho. Dá para fazer muita coisa por videoconferência o que antes era feito pessoalmente. Na Volkswagen, precisamos preparar o home office. Sofremos um pouco com a qualidade da internet e do celular. Mas quando o home office ficar uma vez ou duas por semana, isso vai melhorar.

Como tem sido a volta gradual da Volkswagen em outros países? Há aprendizados para trazer para o Brasil?

A China está em uma liga diferente, porque o mercado voltou ao mesmo patamar de janeiro no mês de abril, foi uma recuperação em “v”. O mercado da China vendeu 1,7 milhão de veículos vendidos. No mês de fevereiro, caiu para 200 mil. No mês de março voltou para 1 milhão e em abril foi para 1,5 milhão de carros. Os consumidores da China não estão mais querendo usar o transporte público, então vimos um boom de venda de carros principalmente nos segmentos mais econômicos. Na Alemanha, recomeçamos há dez dias atrás, mas o consumidor é um pouco mais conservador. A economia ainda não teve a mesma velocidade de retorno. Espero que a velocidade de retomada no Brasil e na América Latina será mais semelhante à da Alemanha.

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Como é planejar o futuro sem ter ideia da demanda?

Precisamos entender o consumidor. Estamos em contato diário com as nossas concessionárias para entender a temperatura do mercado, com telefonemas e reuniões. O que vai determinar a velocidade das fábricas não vou ser eu, vão ser os consumidores. Nós precisamos trabalhar com muita flexibilidade e ajustar a produção de acordo com a demanda. E se você me perguntar qual será a demanda em junho ou julho, eu não sei. Precisaremos ver qual será o desemprego no Brasil, como estará o crédito, a inadimplência e a confiança do consumidor.

Essa aversão ao transporte público pode também afetar o Brasil? As pessoas vão ficar mais contidas, procurar outros tipos de carros?

Nós vimos grandes mudanças nos últimos 15 a 20 anos no Brasil. Passamos de modelos econômicos para os SUVs (utilitários esportivos), uma categoria que passou de participação zero de mercado para quase 25% em março de 2020. Acredito que, com essa crise, a segmentação vai mudar. Vamos voltar um pouco para os carros de modelos mais econômicos por causa do emprego, da renda e do crédito. O que não volta mais atrás são as exigências de emissão de gás carbônico e de tecnologia embarcada nos veículos, assim como a ascendência dos elétricos e dos híbridos.

O Brasil produz carros apenas para o seu próprio mercado. Daria para tentar ampliar a fatia voltada à exportação?

Hoje a demanda está reprimida em todo o mundo. Nossas fábricas de carros e motores estão entre as quatro melhores da Volkswagen no mundo em termos de eficiência. Os custos logísticos e com tarifas não vão ser solucionados nos próximos meses. Com o dólar poderíamos até exportar mais, mas a demanda em todos os países vai estar mais reprimida.

Como é explicar os problemas políticos do Brasil para a operação global da Volkswagen em meio a esse cenário de pandemia?

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Quando eu explico o Brasil para o board (conselho) da Volkswagen eu raramente incluo a parte política – mas obviamente eu preciso explicar eventualmente um pulo do dólar, preciso falar da saída do ministro tal. Mas acho que o salto do dólar agora não tem mais a ver com uma crise mundial, em que ativos que estavam em países emergentes estão sendo transferidos para moedas mais fortes. Estamos no Brasil há 65 anos, já passamos por muitas crises. Temos de manter a cabeça fria. Temos de respeitar o País e tentar contribuir, propondo ideias para o desenvolvimento.

Correções

  Pablo Di Si diz que crise econômica pós-pandemia deve frear demanda por veículos mais sofisticados, como a SUVs; executivo participou da série de entrevistas ao vivo ‘Economia na Quarentena’, do Estadão Fernando Scheller e Mônica Scaramuzzo Depois de duas décadas construindo um mercado de veículos mais sofisticados e de ver a fatia dos SUVs (utilitários esportivos) chegar a um quarto das vendas do setor, as montadoras deverão se preparar para uma volta ao passado na esteira da crise do coronavírus. De acordo com Pablo Di Si, presidente da Volkswagen na América Latina, o cenário de emprego, crédito e confiança do consumidor deve empurrar o cliente de volta a segmentos mais populares. “Vamos voltar para os carros de modelos mais econômicos.” O executivo, que participou da série de entrevistas ao vivo “Economia na Quarentena” nesta quinta-feira, 7, afirmou que são necessárias regras claras para a volta ao trabalho – isso ajudará bastante no planejamento das empresas, segundo ele. “Precisamos de uma diretriz clara para podemos planejar. Sempre falo ao meu time que a data (da volta da produção) é o menos importante, se vamos começar a produzir em 18 ou 25 de maio, por exemplo”, afirmou Di Si, lembrando que não adianta retomar a produção com as concessionárias fechadas. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista: A Volkswagen retoma suas atividades em 18 de maio. Dá para garantir essa data com a incerteza das medidas em São Paulo? O mais importante é a saúde dos nossos funcionários. Temos operações fortes na Alemanha e na China e adotamos protocolos muito restritos quando voltamos a trabalhos. Temos mais 80 itens no protocolo de segurança. Por enquanto a retomada vai ser em 18 de maio. O governador de São Paulo, João Doria, vai ainda anunciar como serão as medidas de retomada. Hoje, todas as concessionárias nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro estão fechadas. Obviamente que não podemos abrir fábricas sem a demanda dos consumidores.  Como o sr. vê a demanda de carros no Brasil em 2020? Eu conversei muito com meu colega, presidente da Scania, e eles recomeçaram a trabalhar no fim de abril, mas eles têm ordens de outros continentes. Eles estão em um mundo quase ideal, exportando. A maior da nossa produção é para a América Latina. O importante é equilibrar a demanda de consumidores com a produtores – não podemos produzir a mais para gerar e estoques e queimar caixa, sendo obrigados a dar grandes descontos. Esse ajuste fino tem de ser equilibrado com as políticas de Estado. Está faltando uma clareza na condução da reabertura? O Brasil é um continente tanto em tamanho quanto em cultura. Concordo em ter políticas diferentes conforme a capacidade hospitalar de cada região. Precisamos de uma diretriz clara para podemos planejar. Sempre falo ao meu time que a data é o menos importante, se vamos começar a produzir em 18 ou 25 de maio, por exemplo. Uma semana a mais ou a menos não faz diferença.  Empresas como o Magazine Luiza controlam rigidamente como a equipe está sendo afetada pelo covid-19. A Volkswagen faz esse acompanhamento? Temos envio de WhatsApp diários do time de recursos humanos, dos médicos que acompanham caso a caso, com detalhes, e acompanhar os funcionários. Nossos protocolos são muito rígidos. Fizemos muitos vídeos para explicar nossos funcionários de tudo: até como entrar em uma catraca sem tocar, como será a medição de temperatura, a higienização das mãos, o controle de temperatura. Tem várias metodologias que nós aprendemos na China e na Alemanha. E para garantir que sigamos os protocolos, vamos ter monitores no chão de fábrica, nos escritórios e nos restaurantes. E vocês trazendo tecnologias novas? Vai ter um treinamento geral para ver se as pessoas entenderam os procedimentos? É preciso comunicar de todas as formas. Fizemos um aplicativo de celular – 98% de nossos funcionários já baixaram, onde olham holerites e comunicados. Já marcamos todo o chão de fábrica, escritórios, elevadores. Separamos todas as mesas dos restaurantes. Atacamos de forma escrita, por e-mail e principalmente digital. Estamos fazendo treinamentos online todos os dias. Porém, acho que o trabalho dos monitores e o dever cívico coletivo são fundamentais. Quando voltarmos, é importante não ter hierarquias. Se eu ou um gerente está fazendo algo errado, precisamos tomar conta das pessoas, e dizer algo.  Quais são as ajudas governamentais que o setor está pleiteando com o governo? Não vamos receber um centavo de dinheiro público. Tivemos várias reuniões com o ministro Paulo Guedes e com a equipe econômica. Aliás, não pedimos dinheiro público, mas liquidez dos bancos privados para o sistema, principalmente os fornecedores e as concessionárias. Como a crise é grave e sem precedentes, eles estão sofrendo para pagar os salários. Se não protegermos as cadeias como um todo, vai gerar muito desemprego. Temos de pensar no curto prazo, nas próximas semanas. Há vários programas que estão sendo trabalhados com o Banco Central e o BNDES e para os fornecedores. A falta de acordo entre o governo federal e os governos estaduais sobre o combate à crise atrapalhou o planejamento das empresas? Eu posso te falar que o grave problema (do Brasil) é a pandemia, é a incerteza de todo o mundo. A prudência é fundamental e ter os valores claros. Nessas crises profundas você vê o melhor e o pior das pessoas, ficam mais claros os valores das empresas e das pessoas. A Volkswagen foi a primeira montadora a parar aqui no Brasil. Colocamos todo mundo em home office, mesmo sem termos as ferramentas e os sistemas preparados para isso. E como foi colocar em prática o home office? Deu para entender que é possível fazer mais coisas remotamente? Com certeza. Cada um vai tirar suas próprias conclusões e vamos viajar menos a trabalho. Dá para fazer muita coisa por videoconferência o que antes era feito pessoalmente. Na Volkswagen, precisamos preparar o home office. Sofremos um pouco com a qualidade da internet e do celular. Mas quando o home office ficar uma vez ou duas por semana, isso vai melhorar. Como tem sido a volta gradual da Volkswagen em outros países? Há aprendizados para trazer para o Brasil? São mundos diferentes. A China está em uma liga diferente, porque o mercado voltou ao mesmo patamar de janeiro no mês de abril, foi uma recuperação em “v”. O mercado da China vendeu 1,7 milhão de veículos vendidos. No mês de fevereiro, caiu para 200 mil. No mês de março voltou para 1 milhão e em abril foi para 1,5 milhão de carros. Os consumidores da China não estão mais querendo usar o transporte público, então vimos um boom de venda de carros principalmente nos segmentos mais econômicos. Na Alemanha, recomeçamos há dez dias atrás, mas o consumidor é um pouco mais conservador. A economia ainda não teve a mesma velocidade de retorno. Espero que a velocidade de retomada no Brasil e na América Latina será mais semelhante à da Alemanha. Como é planejar o futuro sem ter ideia da demanda? Precisamos entender o consumidor. Estamos em contato diário com as nossas concessionárias para entender a temperatura do mercado, com telefonemas e reuniões. O que vai determinar a velocidade das fábricas não vou ser eu, vão ser os consumidores. Nós precisamos trabalhar com muita flexibilidade e ajustar a produção de acordo com a demanda. E se você me perguntar qual será a demanda em junho ou julho, eu não sei. Precisaremos ver qual será o desemprego no Brasil, como estará o crédito, a inadimplência e a confiança do consumidor. Essa aversão ao transporte público pode também afetar o Brasil? As pessoas vão ficar mais contidas, procurar outros tipos de carros? Nós vimos grandes mudanças nos últimos 15 a 20 anos no Brasil. Passamos de modelos econômicos para os SUVs (utilitários esportivos), uma categoria que passou de participação zero de mercado para quase 25% em março de 2020. Acredito que, com essa crise, a segmentação vai mudar. Vamos voltar um pouco para os carros de modelos mais econômicos por causa do emprego, da renda e do crédito. O que não volta mais atrás são as exigências de emissão de gás carbônico e de tecnologia embarcada nos veículos, assim como a ascendência dos elétricos e dos híbridos. O Brasil produz carros apenas para o seu próprio mercado. Daria para tentar ampliar a fatia voltada à exportação? Hoje a demanda está reprimida em todo o mundo. Nossas fábricas de carros e motores estão entre as quatro melhores do mundo em termos de eficiência. Os custos logísticos e com tarifas não vão ser solucionados nos próximos meses. Com o dólar poderíamos até exportar mais, mas a demanda em todos os países vai estar mais reprimidas. Como é explicar os problemas políticos do Brasil para a operação global da Volkswagen em meio a esse cenário de pandemia? Quando eu explico o Brasil para o board (conselho) da Volkswagen eu raramente incluo a parte política – mas obviamente eu preciso explicar eventualmente um pulo do dólar, preciso falar da saída do ministro tal. Mas acho que o salto do dólar agora não tem mais a ver com uma crise mundial, em que ativos que estavam em países emergentes estão sendo transferidos para moedas mais fortes. Estamos no Brasil há 65 anos, já passamos por muitas crises. Temos que manter a cabeça fria. Temos de respeitar o País e tentar contribuir, propondo ideias para o desenvolvimento do País.

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