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Mercado de trabalho formal também tem melhora, diz Ipea

Segundo o Ipea, redução no ritmo de demissões e alta maior de salários ajudou na recuperação

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

Embora o mercado de trabalho esteja apresentando recuperação impulsionada pela geração de vagas informais, o setor formal também mostra sinais de uma melhora em curso. O trabalho com carteira assinada registra redução no ritmo de demissões, além de expansão dos rendimentos a taxas superiores às dos demais, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No segundo trimestre de 2017, de todos os trabalhadores que passaram da ocupação para o desemprego, 32% estavam empregados no mercado formal. Embora elevado, esse montante é 10 pontos porcentuais menor que o observado há dois anos. O levantamento foi feito pelo Ipea com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Salários pagos pelo setor privado cresceram 3,6% Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

+ Com aumento do trabalho informal, taxa de desemprego cai para 12,8% Os salários pagos pelo setor privado aos trabalhadores com carteira assinada no segundo trimestre cresceram 3,6% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Ao mesmo tempo, o rendimento dos trabalhadores sem carteira no setor privado recuou 3,5%, e a renda dos trabalhadores por conta própria encolheu 0,5%.  Ao contrário da ocupação, que começou a apresentar sinais de recuperação apenas recentemente, os rendimentos do trabalho registram uma dinâmica mais favorável há pelo menos três trimestres, ressaltou o Ipea. No trimestre móvel encerrado em julho, última divulgação disponível da Pnad Contínua, o rendimento médio real registou alta de 3,0% em relação a um ano antes, o oitavo crescimento consecutivo. Segundo os autores do estudo, o bom comportamento dos rendimentos reais ao longo dos últimos trimestres sinaliza que os ajustes no mercado de trabalho provocados pela recessão ocorreram via demissões de trabalhadores.

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“Entretanto, outros fatores ajudam a explicar esse desempenho benigno dos rendimentos. O primeiro deles diz respeito ao efeito composição dos salários, tendo em vista que ao longo da crise, a opção inicial é a dispensa de trabalhadores menos qualificados e, portanto, com salários menores, pois esse contingente é mais fácil de ser recontratado no momento da retomada da atividade econômica. Com isso, a média salarial se eleva mesmo na ausência de reajustes. Adicionalmente, a acentuada queda da inflação nos últimos meses, vem contribuindo positivamente para essa expansão dos salários reais”, explicaram os pesquisadores Maria Andréia Lameiras e Sandro Sacchet de Carvalho, na Carta de Conjuntura do Ipea divulgada hoje.

+ Apesar da recuperação, qualidade das vagas é questionável, diz IBGE No artigo, os autores defendem que a expectativa para os próximos meses é de uma redução gradual na taxa de desemprego, acompanhando uma também gradual retomada do crescimento da economia. Mas os pesquisadores defendem que a queda do desalento - fenômeno em que as pessoas deixam de procurar emprego por acharem que não conseguiriam uma vaga - pode fazer com que aumente o número de pessoas em busca de trabalho, impedindo um recuo maior da taxa de desemprego mesmo com uma expansão da ocupação. No segundo trimestre deste ano, 44,7% das pessoas aptas ao trabalho estavam fora da População Economicamente Ativa por acharem que não conseguiriam um emprego, o que representa uma queda de 2,5 pontos porcentuais em relação ao trimestre anterior.  “Em relação aos salários, as perspectivas são de continuidade no avanço dos rendimentos, principalmente em um cenário de inflação baixa. Dessa forma, a tendência é que a massa salarial real continue a acelerar, contribuindo positivamente para a continuidade da retomada do crescimento do consumo das famílias”, avaliaram os técnicos Maria Andréia e Sacchet de Carvalho, do Ipea.

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