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Mercado do etanol ainda é doméstico

Para executivo do Morgan Stanley, demanda dos EUA pelo álcool brasileiro só vai começar em 2012

Por Andrea Vialli e FLORIANÓPOLIS
Atualização:

Apesar dos esforços do governo brasileiro em sua campanha pró-etanol, as perspectivas de mercado para o produto brasileiro a curto prazo devem se concentrar na demanda doméstica. Essa é a avaliação de Subhojit Daripa, vice-presidente de pesquisa do grupo financeiro americano Morgan Stanley, que participa do EcoPower, evento internacional sobre energias renováveis realizado em Florianópolis. "Isso ocorre porque o principal mercado para o álcool brasileiro, os Estados Unidos, só deve começar a demandar o combustível a partir de 2012, e outros potenciais compradores, como União Européia e Japão, só devem importar o combustível se formularem leis para adição de etanol à gasolina, o que não está ocorrendo ainda", diz o executivo. "Transformar o álcool em uma commodity global levaria no mínimo cinco anos." Alguns Estados americanos já têm legislação para adição de etanol à gasolina, a exemplo do que ocorre no Brasil. O Estado da Califórnia, por exemplo, já permite adicionar 5,6% do biocombustível à gasolina. "A Lei de Energias Renováveis adotada no Estado em 2005 vai demandar 7,5 bilhões de galões de etanol em 2012", diz Nathalie Hoffman, presidente da California Renewable Energias, programa de energias limpas da Califórnia. Segundo ela, novas leis em fase de tramitação no Congresso Americano devem elevar a demanda americana para 32 bilhões de galões de etanol até 2012. "Os brasileiros devem olhar para isso, apesar de o mercado americano estar volátil no momento e os preços do etanol, em queda", diz Nathalie. Há um ano, o preço do galão do etanol de milho estava cotado a US$ 5 na Bolsa de Nova York. Atualmente, o preço é de US$ 1,5. Para Daripa, com uma sobreoferta atual de etanol do Brasil, na casa dos 3 bilhões de litros de etanol, o momento é de priorizar o mercado interno. "A estimativa é que o consumo de etanol doméstico cresça 16% ao ano até o fim da próxima década." Depois disso, os Estados Unidos se tornarão o mercado mais atraente. "As oportunidades estão limitadas no curto prazo, mas há uma demanda potencial de etanol de 100 bilhões de litros até 2010. E os Estados Unidos respondem por simplesmente 60% dessa demanda", diz o executivo. Segundo ele, faz todo sentido o entusiasmo dos investidores em aportar recursos na produção de etanol no Brasil. De 2008 a 2012, estão previstos US$ 33 bilhões em investimentos em etanol de cana-de-açúcar no País, entre novas usinas e produção agrícola. Doze por cento desse capital é de origem estrangeira, segundo informações da União da Agroindústria Canavieira (Unica).

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