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Mercado eleva pela 3ª vez previsão para a inflação e vê Selic a 7,5%

Aumento de imposto sobre combustíveis segue se refletindo na expectativa de economistas para o IPCA; analistas estão divididos sobre intensidade no corte de juros

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Economistas do mercado financeiro elevaram suas projeções para o IPCA (o índice oficial de inflação) neste ano pela terceira semana seguida após o anúncio do aumento de impostos sobre combustíveis. O Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo BC, mostra que a mediana para o IPCA em 2017 foi de 3,40% para 3,45%. Há um mês, estava em 3,38%. Já a projeção para o índice de 2018 seguiu em 4,20%, ante 4,24% de quatro semanas atrás.

Mesmo com aumento na previsão, inflação deve terminar o ano abaixo da meta de 4,5% do governo, segundo analistas Foto: André Dusek/Estadão

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Na prática, as projeções de mercado divulgadas hoje no Focus indicam que a expectativa é que a inflação fique abaixo do centro da meta, de 4,5%, em 2017 e 2018. A margem de tolerância para estes anos é de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 3,0% e 6,0%).

Também a mediana das projeções para a Selic, a taxa básica de juros da economia, passou de 8,00% para 7,50% ao ano. Há um mês, estava em 8,25%. O levantamento indicou ainda que, para o fim de 2018, a expectativa para a Selic foi de 7,75% para 7,50% ao ano, ante 8,00% de um mês atrás.

Os economistas estão divididos quanto ao corte da Selic (a taxa básica de juros) no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro. Atualmente, a taxa básica está em 9,25% ao ano.

A abertura dos dados mostra que a mediana da Selic em setembro está em 8,38% ao ano. Na prática, isso indica indefinição entre corte de 1 ponto porcentual (de 9,25% para 8,25%) e corte de 0,75 ponto porcentual (de 9,25% para 8,50%). 

Seja qual for a decisão, os economistas projetam que a Selic chegará a 8,00% ao ano em outubro e a 7,50% ao ano em dezembro, encerrando o ano neste patamar. Durante todo o ano de 2018, as projeções atuais indicam que a Selic ficará em 7,50%. 

Os economistas alteraram suas projeções refletindo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição. No documento, o BC sinalizou novo corte de 1 ponto em setembro. Além disso, atribuiu peso menor às preocupações em torno do andamento das reformas no Congresso - em especial, a da Previdência.

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Preços. No dia 20, o governo anunciou aumento da alíquota de PIS/Cofins sobre a gasolina, o diesel e o etanol. Parte deste reajuste levou ao aumento das projeções para o IPCA nas últimas semanas. Na quinta-feira, 3, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que o impacto total do reajuste dos combustíveis será de 0,45 ponto porcentual, distribuído entre os meses de julho e agosto. Haverá ainda impacto de mais 0,15 ponto porcentual vindo da bandeira tarifária amarela nas contas de energia.

Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2017 passou de 3,10% para 3,31%. Para 2018, a estimativa foi de 4,19% para 4,06%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,26% e 4,31%, respectivamente.

Já a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de 4,52% para 4,53% de uma semana para outra - há um mês, estava em 4,47%.

Entre os índices mensais mais próximos, a estimativa para julho de 2017 passou de 0,15% para 0,16%. Um mês antes, estava em 0,19%. No caso de agosto, a previsão de inflação do Focus foi de 0,30% para 0,35%, ante 0,25% de quatro semanas atrás.