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Mercado em recuperação observa Iraque

O sucesso do leilão cambial, adiantando rolagem de parte do vencimento do dia 14, manteve a recuperação do dólar, tendência seguida pelos demais mercados. Mas a aprovação de resolução da ONU sobre o Iraque reacende preocupações.

Por Agencia Estado
Atualização:

O dólar despencou na manhã de hoje com expectativas positivas em relação ao leilão cambial que o Banco Central realizou nesta sexta-feira, rolando 34,8% dos vencimentos do dia 14, a taxas mais razoáveis do que nos últimos leilões. Os demais mercados seguiram a tendência de recuperação. Nos EUA, a aprovação de nova resolução contra o Iraque pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas reacendeu preocupações em relação a uma guerra entre os dois países. De qualquer forma, internamente, o quadro de curto prazo é considerado positivo. O ambiente político se desanuviou após a eleição e o PT tem avançado na limpeza de pauta no Congresso. Se reafirmar os acenos vem fazendo ao mercado e aprovar temas como a autonomia do BC e um orçamento realista para 2003, o sentimento mais favorável dos investidores poderá ganhar mais consistência. Os próximos entendimentos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), embora ainda comandados pelo atual governo, também serão acompanhados de perto pelo mercado, dado que o PT certamente será chamado a se manifestar sobre os termos discutidos. O mercado também aguarda a definição da equipe econômica de Lula para reafirmar um cenário mais tranqüilo para o próximo ano, mas, neste item, tudo indica que a ansiedade dos investidores não será aplacada antes de dezembro. Também surgem evidências de melhora num dos fatores que vinham se convertendo num entrave a uma maior apreciação do real. Segundo apurou o correspondente da Agência Estado em Londres, João Caminoto, há sinais de que as linhas de financiamento para o comércio exterior do Brasil, que foram reduzidas ou congeladas nos últimos meses, podem estar começando a se recuperar. Segundo analistas, várias instituições financeiras começaram a reavaliar a situação brasileira, com algumas inclusive reativando os seus limites de crédito para o País. Eles acreditam que essa retomada deverá ser gradual, mas poderá ganhar mais impulso a partir de janeiro, após a posse de Lula. Um ponto do cenário que continua gerando incerteza é a economia americana. A decisão do Fed de cortar o juro em 0,50 ponto foi considerada um sinal de alerta, embora Alan Greenspan tenha mostrado habilidade ao retirar o viés de baixa e tentar convencer o investidor que a economia vai se recuperar e não será mais preciso baixar o juro. O mercado externo teve uma manhã tranquila, mas o petróleo e as bolsas entraram no período da tarde ensaiando uma reação negativa aos duros termos da resolução aprovada pela ONU contra o Iraque. Após oito semanas de intensas negociações diplomáticas, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou o texto anglo-americano de resolução sobre o Iraque, o qual concede permissão para que os EUA empreendam um ataque contra o país caso os inspetores concluam que Saddam Hussein não está cumprindo com os termos do acordo. No entanto, a resolução oferece ao regime iraquiano "oportunidade final" para cooperar com os inspetores de armas, mantém a possibilidade de suspensão das sanções impostas há 12 anos, após a invasão do Iraque ao Kuwait, e reafirma a soberania do país. Cerca de meia hora após o anúncio da decisão da ONU, os mercados começavam a esboçar reação negativa à notícia, bastante aguardada nas bolsas dos EUA. As duras declarações do presidente norte-americano, George W. Bush, ampliaram o peso da resolução. Logo depois, o índice Dow Jones zerava seus ganhos e o Nasdaq já perdia 0,25%, revertendo as altas da manhã. Mercados Às 15h, o dólar comercial era vendido a R$ 3,5500, em baixa de 1,25% em relação às últimas operações de ontem, oscilando entre R$ 3,5050 e R$ 3,5700. Com esse resultado, o dólar acumula uma alta de 53,28% no ano e queda de 4,83% nos últimos 30 dias. Veja aqui a cotação do dólar dos últimos negócios. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 22,800% ao ano, frente a 22,880% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 27,850% ao ano, frente a 27,950% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em alta de 1,05% em 9902 pontos e volume de negócios de R$ 211 milhões. Com esse resultado, a Bolsa acumula uma baixa de 27,08% em 2002 e alta de 11,93% nos últimos 30 dias. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, seis apresentam queda. Mercados internacionais Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - operava em queda de 0,48% (a 8544,6 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - cai 1,12% (a 1361,32 pontos). O euro era negociado a US$ 1,0134; uma alta de 0,48%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, estava em alta de 0,50% (445,24 pontos). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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