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Mercado espera Selic estável e observa eleição

As turbulências internas e externas devem forçar o Copom a manter a Selic nos atuais 18% ao ano. Mas as atenções seguem voltadas para o desempenho de Lula nas pesquisas e nos dados econômicos dos Estados Unidos.

Por Agencia Estado
Atualização:

O resultado da pesquisa de intenção de votos desta semana do Ibope confirmou a expectativa dos investidores, de crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PL), mas não na quantidade esperada. Os temores de que Lula vença no primeiro turno têm afetado os negócios, assim como os maus números da economia norte-americana e a ameaça de guerra no Iraque. Por todas essas razões, não se espera hoje o anúncio de queda da Selic - a taxa básica referencial da economia, atualmente em 18% ao ano. Como esperado, Lula subiu dois pontos no Ibope (41%), enquanto José Serra (PSDB/PMDB), o favorito dos mercados, manteve-se com 19% e Ciro Gomes (Frente Trabalhista) perdeu mais três pontos e ficou com 12%. Se Serra agrada ao isolar-se no segundo lugar, Lula já chega a 48% dos votos válidos. Para vencer a eleição no primeiro turno, precisa de mais de 50% dos votos, excluídos brancos e nulos. Esse resultado seria facilmente atingido com a renúncia de Ciro ou Anthony Garotinho (PSB), o que preocupa os investidores. Mas ainda faltam mais de duas semanas para a votação e a campanha de Serra assumiu uma postura mais agressiva contra Lula, com chances de reversão do quadro. Os analistas ainda apostam em um segundo turno. Mas se o candidato petista realmente vencer, ainda há espaço para mais pessimismo nas cotações. Os dados da pesquisa do Vox Populi, divulgados ontem à noite, foram semelhantes. Com as preocupações em relação ao próximo governo e a instabilidade internacional, são poucos os que crêem numa redução da Selic, apesar do fraco desempenho da economia, que mantém a inflação sob controle. Teoricamente, essa folga daria espaço para uma queda dos juros, mas as incertezas devem trazer cautela à reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, que termina hoje por volta das 13 hs. A maior dúvida é se será mantido o viés de baixa, a autorização para que o Banco Central corte a Selic quando julgar adequado, sem ter de esperar pela reunião de outubro do Copom. Nos Estados Unidos, o fantasma da recessão ainda preocupa. A maior economia do mundo vem tendo um desempenho muito fraco, o que os últimos dados confirmam, embora ainda seja cedo para dizer se essa é uma recuperação sem muito fôlego, ou se é o início de uma desaceleração mais profunda e duradoura. A preocupação mantém os investidores muito cautelosos no mundo inteiro, e explica os patamares baixos em que operam as bolsas em Nova York. Um agravante é a possibilidade de guerra com o Iraque, que poderia afetar o mercado mundial de petróleo, além de conturbar o já tenso Oriente Médio. Ontem o governo iraquiano recuou nos enfrentamentos com os Estados Unidos, aceitando a inspeção irrestrita do seu arsenal pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas a postura dos EUA e muitos aliados é cética, pois o Iraque tem um histórico de muita hesitação nas suas posições e de não cumprimento de suas promessas. Os preços do petróleo caíram bastante ontem, mas mantêm-se altos com as preocupações de que a guerra se concretize. Mercado O dólar comercial foi vendido a R$ 3,2500 nos últimos negócios do dia, na cotação máxima, em alta de 1,06% em relação às últimas operações de segunda-feira. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 21,130% ao ano, frente a 20,920% ao ano segunda-feira. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 1,84% em 9650 pontos. Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em queda de 2,06% (a 8207,6 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York -caiu 1,25% (a 1259,94 pontos). O euro fechou a US$0,9740; uma alta de 0,23%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em baixa de 0,69% (383,10 pontos). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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