PUBLICIDADE

Publicidade

Mercado faz uma leitura errada do Relatório do BC

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O último Relatório de Inflação divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) teve caráter mais conservador e deixou dúvidas entre os operadores do mercado futuro sobre a queda da Selic para um dígito.A leitura do relatório apresenta um cenário, elaborado pelo Gerin (Departamento de Relações com Investidores do Banco Central), que, partindo de uma taxa Selic de 11% no último trimestre de 2011 e de 9,50% para o mesmo período de 2012, aponta para uma taxa de 10,35% no último trimestre de 2013. Ou seja, não haverá Selic de um dígito, como se acreditava.Diante da perspectiva, assim colocada, de uma possível alta da taxa básica, o mercado futuro, que havia reagido à possibilidade de uma Selic de um dígito, voltou a crescer.Essa reação do mercado não desaponta o Banco Central, que considera que uma taxa mais alta no futuro tem a vantagem de manter os juros atuais praticados pelas instituições financeiras, evitando o uso exagerado do crédito num período em que a inflação ainda precisa ser controlada.No entanto, o mercado está fazendo uma leitura equivocada do texto do Copom. É preciso entender, antes de tudo, que as autoridades monetárias nunca iriam anunciar com antecedência qual seria a taxa Selic, que depende da evolução da conjuntura e, na realidade, de uma série de fatores.O texto do Relatório de Inflação se refere a um cenário apenas, sabendo que o quadro real poderá ser bem diferente do quadro descrito. Nada autoriza a menor certeza de que os valores do cenário se verificarão.O que é certo é que o governo não está inclinado a deixar de lado sua política de meta de inflação e, ainda mais, em alterar a meta central de 4,5%, que do seu ponto de vista requer bastante sacrifício para ser atingida. O governo gostaria de um superávit primário menor, para dispor de mais recursos para gastos.Mas o que nos parece essencial é que o objetivo do governo é ter uma taxa real de juros pelo menos em torno de 4% ao ano, como na maioria dos países, e isso na medida em que uma série de fundamentos econômicos e, notadamente, a situação da política fiscal, permita perseguir uma taxa de juros considerada hoje como muito baixa. Na realidade, só no dia em que o governo aceitar reduzir a meta de inflação será possível chegarmos a uma taxa real de juros de 4%.A nova equipe do Banco Central aceitou reduzir a taxa de juro básica, mas desde que verificou que medidas prudenciais tiveram um grande efeito.O mercado tem de ser mais realista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.