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Mercado financeiro dos EUA culpa BC e Lula pela alta de inflação

Por Agencia Estado
Atualização:

Os analistas do mercado financeiro norte-americano reagiram mal ao resultado da segunda prévia do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de novembro, que ficou em 3,86%, a mais alta desde agosto de 1994. Para eles, a falta de credibilidade do Banco Central brasileiro e os poucos de sinais sobre a política econômica a ser adotada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva estão minando as expectativas inflacionárias. Para o diretor de pesquisa econômica para América Latina do banco WestLB, John Welch, o BC precisa elevar ainda mais os juros para conter a disparada da inflação. "O BC precisa dar um choque de credibilidade", afirmou Welch à Agência Estado. Ele considerou preocupante a alta do índice de preços ao consumidor (IPC) do IGP-M, que subiu de 0,66% em outubro para 2,07% na segunda prévia de novembro. "Antes se observava uma alta mais ampla do índice. Esse salto do componente de preços ao consumidor reflete uma falta de credibilidade do BC", afirmou Welch. O resultado da segunda prévia do IGP-M também desagradou o estrategista-sênior de renda fixa para mercados emergentes da Merrill Lynch, Felipe Illanes. Ele estima agora que o IGP-M fechado para novembro deverá ficar acima de 4%. "Embora esse resultado da segunda prévia tenha sido bastante expressivo no aspecto negativo, a história continua a mesma: os índices de preços mais amplos estão captando bastante o repasse do câmbio, mas nem por isso acho que estamos necessariamente numa trajetória alarmante da inflação ainda", disse. Indagado se o salto inflacionário dos últimos meses é uma conseqüência de uma bolha inflacionária ou de um repasse mais sustentado da depreciação cambial, Illanes disse que falar de inflação é falar de um horizonte de doze meses, então o que é mais determinante é a postura do próximo governo. "Sem essa âncora para as expectativas inflacionárias, não se pode com muita confiança determinar agora se o que estamos vendo nos índices de preços é uma bolha ou está se gerando um processo de repasse mais sustentado", afirmou.

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