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Pela primeira vez, mercado financeiro passa a projetar inflação acima do centro da meta

Economistas ouvidos pelo Banco Central no boletim Focus agora preveem IPCA de 4,21% este ano; centro da meta perseguida pelo BC é de 4%

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - Com a adoção da bandeira vermelha nas contas de energia elétrica em dezembro, os economistas do mercado financeiro alteraram de forma relevante a previsão para o IPCA - o índice oficial de inflação - em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 7, pelo Banco Central, mostra que a projeção para o IPCA neste ano foi de 3,54% para 4,21%. Há um mês, estava em 3,20%. 

Com isso, a projeção dos economistas para a inflação ficou, pela primeira vez, acima do centro da meta de 2020, de 4% (com uma margem de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo). A projeção para o índice em 2021 foi de 3,47% para 3,34%. Quatro semanas atrás, estava em 3,17%. No caso do próximo ano, a meta é de 3,75%, também commargem de 1,5 ponto.

Banco Central divulgou o Relatório de Mercado Focus nesta segunda-feira, 7; projeção para o IPCA neste ano foi de 3,54% para 4,21%. Foto: Rafael Neddermeyer/Agência Estado

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As mudanças nas previsões surgem na esteira do anúncio, em 30 de novembro, da retomada do sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz em dezembro, com taxa extra de R$ 6,243 a cada 100 kWh consumidos. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vinha praticando a bandeira verde, sem cobrança de taxa extra.

Em novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de outubro foi de 0,86%. Em 12 meses, a taxa acumulada está em 3,92%.

Previsão para a Selic fica inalterada

Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2020. O boletim Focus trouxe que a mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.

Já a projeção para a Selic no fim de 2021 permaneceu em 3% ao ano, ante 2,75% de quatro semanas atrás. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,5% ao ano, igual a um mês antes. Para 2023, seguiu em 6%, mesmo patamar de quatro semanas atrás.

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Em outubro, ao manter a Selic em 2% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”. Na próxima quarta-feira, 9, o colegiado anuncia o novo patamar da taxa básica.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), as projeções foram alteradas. A expectativa para a economia este ano passou de retração de 4,5% para queda de 4,4%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 4,8%.

Para 2021, o mercado financeiro alterou a previsão de alta de 3,45% para 3,50%. Quatro semanas atrás, estava em 3,31%.