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Mercado força alta do dólar para engordar lucro, dizem analistas

Por Agencia Estado
Atualização:

A busca por maiores lucros por detentores de títulos cambiais do governo foi apontada por economistas como a principal causa da disparada do dólar. O ex-diretor do Banco Central (BC) Carlos Thadeu de Freitas e o consultor Dany Rappaport, da Tendências, acreditam que o mercado está forçando uma alta na moeda norte-americana para ter maiores lucros quando o governo for resgatar os papéis. "O problema é a dívida pública, boa parte dolarizada, que está vencendo agora. Quanto maior o dólar, maior o ganho dos detentores dos títulos e o BC, ao não rolar a dívida, está realizando o lucro dos detentores dos papéis", analisou Freitas. Segundo Rappaport, há US$ 1,5 bilhão em swaps e títulos cambiais vencendo amanhã, que não serão rolados por falta de demanda. "Este vencimento aumenta em muito o incentivo dos detentores destes papéis a forçarem uma alta do dólar, visando lucros excepcionais", disse, em sua análise no serviço on line da Tendências. Freitas debita a disparada do dólar nos últimos dias a um "erro técnico" do BC, que optou por não rolar a dívida devido aos altos juros pedidos pelo mercado. "Seria preferível pagar uma taxa de juros mais alta do que resgatar títulos cambiais em um contexto d escassez de dólares", disse. Segundo ele, há novos vencimentos de dívida até o dia 16 de outubro, o que pode manter a pressão sobre o câmbio. "Se o dólar continuar subindo, o BC vai ter que aumentar os juros, pois a conseqüência de dólar alto é inflação, aumento da dívida e maior esforço fiscal", avaliou. Na sua opinião, o aumento da taxa de juros reduz o ganho de quem especula com dólar e poderia ser uma das medidas adotadas pelo BC. Para o ex-diretor do BC, não há qualquer relação entre eleições e a alta do dólar. "Falar que há relação é fazer uso político da especulação", afirmou. Já Dany Rappaport acredita que os rumores sobre resultados de pesquisas eleitorais também determinou a procura pela moeda norte-americana. Segundo ele, a performance do real hoje deverá determinar qual dos eventos exerceu maior pressão sobre o câmbio.

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